A Operação Illusio, deflagrada pela Polícia Civil neste domingo (7), revelou que criminosos de outros Estados costumam vir a Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul, fazer "especialização" no golpe do bilhete.
A organização criminosa, que tem sede na cidade, produziu, segundo a polícia, até mesmo uma espécie de cartilha para ensinar detalhes de como o golpe pode ser aplicado.
Na ação deflagrada neste domingo, 18 pessoas foram presas em quatro Estados - em Passo Fundo, sete investigados foram capturados pelos golpes e uma mulher foi autuada por tráfico de drogas. Outros cinco suspeitos já estavam recolhidos ao Presídio Regional de Passo Fundo por causa da investigação, iniciada em 2021.
— Vemos como positivo o resultado da operação, com essas as prisões. Esses criminosos são rápidos, viajam muito, se desfazem de carros, de imóveis. Temos em Passo Fundo uma escola do golpe, até com cartilha. Chama a atenção a forma construída do golpe, quase um enredo de filme —destacou a delegada Luciane Bertoletti, da 3ª Delegacia da Polícia Civil de Canoas, que coordenou a operação.
A polícia identificou 21 vítimas - em geral, mulheres - com um prejuízo em torno de R$ 1 milhão. A operação teve desdobramentos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo. Foram apreendidos cartões bancários, valores em dinheiro, celulares e um automóvel. Um suspeito do Paraná, que era alvo de ordem de prisão, também foi autuado por tráfico de drogas.
Operação discreta
A operação foi desencadeada às 6h30min deste domingo (7), de forma discreta, para garantir que os suspeitos fossem encontrados em casa, já que costumam viajar para aplicar os golpes.
Como os líderes do esquema estão, segundo a polícia, concentrados em Passo Fundo, foi designado um número maior de policiais para a região, 130 ao total. O ponto de encontro foi Carazinho, a 45 quilômetros de Passo Fundo, com intuito de manter a discrição até o início dos trabalhos.
Lá, eles receberam orientações dos coordenadores e envelopes com os endereços dos suspeitos. As equipes saíram em comboio em direção a Passo Fundo e, aos poucos, foram efetivando o trabalho.
Os presos foram levados até a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Passo Fundo, na Avenida Brasil. Advogados e familiares dos presos se somaram à movimentação, que foi intensa em uma manhã de domingo.
O esquema de estelionato e associação criminosa estava sendo investigado desde 2021.