Dois suspeitos de envolvimento em esquema de ameaça e extorsão a empresários foram presos em Novo Hamburgo e Sapiranga, no Vale do Sinos, na manhã desta quinta-feira (6). Um terceiro homem, filho de um dos presos, não era investigado pela extorsão, mas foi detido em flagrante por tráfico de drogas.
Segundo a investigação da Polícia Civil, uma facção criminosa cobra valores por um serviço ilegal de vigilância privada. Apuração apontou que quem não paga pode sofrer represálias, como ter imóveis depredados, queimados ou metralhados. Já são 74 casos investigados no Vale do Sinos.
No dia 24 de março, a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo prendeu um homem apontado como o líder do grupo. Depois disso, segundo o delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior, os dois detidos nesta quinta passaram a ameaçar vítimas, afirmando que sabiam quem havia repassado informações à polícia e à imprensa.
Em março, um empresário relatou à GZH a rotina de medo:
— Eles ameaçam a gente pela manhã, pela tarde, e a gente tem medo de falar ou de denunciar. Isso porque eles vão lá (nas empresas e comércio) e quebram uma vitrine, tocam fogo, dão tiro e mandam mensagens. Mandam para vítima e para os demais empresários e comerciantes: "Vai pagar? Vai fechar com a facção ou vai querer que a gente faça o mesmo com vocês?" — conta a vítima.
Com os presos, a Polícia Civil apreendeu drogas, dinheiro e um fuzil falso, que seria usado para ameaçar os comerciantes.
Ameaças
Além do Vale do Sinos, a reportagem de GZH relevou o mesmo esquema em cidades do Vale do Paranhana, Serra e no sul do Estado.
No Vale do Paranhana, oito criminosos foram presos em ações recentes. Todos estão envolvidos nas extorsões e ameaças a pelo menos quatro vítimas que registraram ocorrência desde o ano passado. Duas delas tiveram revendas de veículos depredadas neste mês.
Em Taquara, em dezembro do ano passado, seis integrantes de facção foram condenados a 61 anos de prisão pela mesma prática criminosa entre os anos de 2019 e 2021. Em um desses casos, o dono de uma revenda teve a loja atingida por diversos tiros de fuzil.
Empresários de Bento Gonçalves, na Serra, também relatam estar sendo amedrontados por criminosos. Nos casos, homens armados chegam em frente ao estabelecimento e atiram contra os veículos. A ação é gravada em vídeo, que é enviado ao empresário, com cobrança de valores e ameaças.