A Polícia Civil está investigando uma série de extorsões mediante ameaças e ataques a empresários e comerciantes em duas regiões do Rio Grande do Sul. Somente no Vale do Sinos, 32 vítimas foram identificadas pelos agentes que apuram casos em que são oferecidos serviços ilegais de segurança privada, mas somente duas delas registraram ocorrência.
Na sexta-feira (24), o líder de uma quadrilha, responsável por dois ataques em Estância Velha, foi preso em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana. Outros cinco suspeitos de integrar o grupo dele são investigados. Na última terça-feira (21), em Taquara, foi preso um integrante de outra quadrilha que adotou a mesma prática no Vale do Paranhana.
Nesta região já há oito presos desde o ano passado, mas também são poucas as pessoas que procuraram a polícia. Foram somente quatro nos últimos dois anos. No final de 2022, seis integrantes de organização criminosa que agiam na região extorquindo donos de empresas foram condenados a 61 anos de prisão.
É por conta de inquéritos policiais e processos judiciais que o titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo, delegado Ayrton Martins Figueiredo Júnior, pede que as vítimas registrem ocorrências policiais.
— Nós estamos registrando todos os fatos que viraram boletins de ocorrência e os que estamos identificando, mesmo que ainda não tenha sido feito o registro, vamos acionar as vítimas. Todos os casos que chegam até nós estão virando inquéritos policiais com indiciamentos e a prova disso são as condenações — ressalta Figueiredo Júnior.
Segundo o delegado, ele já contabiliza 32 empresários e comerciantes vítimas de extorsões mediante ameaças. Destes, os proprietários de duas revendas de automóveis de Estância Velha registraram ocorrência— um dos locais teve a fachada do prédio e os carros danificados, conforme imagens.
Os fatos aconteceram neste mês e o líder da quadrilha responsável pelos ataques foi detido nesta sexta-feira (24). O nome dele não foi divulgado porque a investigação continua. A polícia apura ainda a atuação de outros possíveis grupos que oferecem o serviço ilegal de segurança e pede para que as outras 30 vítimas, que estariam pagando entre R$ 1 mil e R$ 3 mil semanais para a facção, denunciem as extorsões.
Há outros casos identificados em Estância Velha, mas também em Campo Bom e em Novo Hamburgo. O diretor da 3ª Delegacia Regional Metropolitana, delegado Eduardo Hartz, lembra que, se houver apenas um pagamento pela suposta segurança, a pessoa irá virar refém do crime organizado.
— Essa prática tem acontecido na região que atuamos, que é o Vale do Sinos, e em outras. Quem pagar por este serviço ilegal vai entrar num círculo vicioso que só faz aumentar o preço pago. É importante não ceder a essas pressões, a essas cobranças, e nos procurar sempre — destaca.
Vale do Paranhana
O titular da Delegacia de Taquara, delegado Valeriano Garcia Neto, também está empenhado em combater a ação destes criminosos que estão extorquindo empresários e comerciantes. Nesta semana, ele prendeu um suspeito de integrar uma quadrilha que cometeu este crime na cidade no final do ano passado. O criminoso de 29 anos não teve o nome divulgado. Nos últimos meses, Neto já prendeu oito integrantes de facção que atuam desta forma.
No caso de Taquara e de outras cidades do Vale do Paranhana, o delegado diz que os investigados sempre passam de carro na frente dos estabelecimentos gravando imagens dos locais e, logo depois, de armas que eles estão carregando dentro dos veículos. O objetivo é forçar o pagamento da suposta segurança oferecida. Posteriormente, as imagens são enviadas aos donos dos estabelecimentos.
— Eles amedrontam as vítimas durante as visitas aos estabelecimentos. Também passam na frente dos locais portando armas, posteriormente fazem ameaças aos proprietários e a seus familiares — diz Neto.
Assim como no Vale do Sinos, o delegado diz que as vítimas do Vale do Paranhana também temem fazer ocorrências e por isso pede que procurem a polícia.
Em Taquara, as vítimas podem acionar a polícia pelo telefone (51) 98443 3481.
No Vale do Sinos, o telefone disponibilizado pela Draco de São Leopoldo é o (51) 98585 6118.