Depois do ataque em Blumenau, em Santa Catarina, com a morte de quatro crianças, várias escolas do Rio Grande do Sul começaram a receber ameaças por telefone, WhatsApp e redes sociais. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) anuncia que um monitoramento de todos os casos está sendo feito e os envolvidos serão responsabilizados.
Além da Brigada Militar (BM) ter intensificado o patrulhamento em escolas no Estado, a Polícia Civil montou uma força-tarefa para monitorar, mapear e contabilizar os fatos registrados. Desde novembro de 2022, são 27 registros, 90% deles partindo de adolescentes, segundo a diretora da Divisão Especial da Criança e Adolescente da Polícia Civil (Deic), delegada Caroline Bamberg . A maioria deles ocorreu desde a semana passada, quando houve o ataque ao Centro de Educação Infantil Cantinho Bom Pastor, no Estado vizinho. Como não houve ação concretizada no Rio Grande do Sul, os suspeitos identificados estão sendo acionados para depor. Eles serão indiciados pelo crime de ameaça.
Chefe de Polícia Civil, o delegado Fernando Sodré revela ter destacado quatro departamentos para atuar nestes casos e reforça que não houve registro de fatos concretos. Segundo ele, até agora, são ameaças que serão pontualmente checadas. Os levantamentos iniciais são feitos via delegacias vinculadas ao Departamento de Polícia Metropolitana (DPM) e Departamento de Polícia do Interior (DPI).
— O trabalho é feito desde que o número de ameaças aumentou, principalmente após a tragédia de Blumenau. Tudo é monitorado e o trabalho é permanente. Ressalto que registrem as ocorrências para que possamos fazer o acompanhamento dos casos junto com a Brigada Militar. Felizmente, até agora, nenhum incidente — diz Sodré.
Serviço de Inteligência
Depois do monitoramento inicial, as informações são repassadas ao Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos (GIE) da Polícia Civil. As mensagens de áudio, vídeo, texto, ligações telefônicas e postagens nas redes sociais são checadas, e os suspeitos, identificados. A terceira etapa deste monitoramento é acionar o Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPGV).
O diretor do Departamento, delegado Christian Nedel, lembra que, das 27 ameaças registradas, 19 são no interior, quatro em Porto Alegre e outras quatro na Região Metropolitana.
— Até agora, são apenas ameaças esparsas ou evasivas. Houve um fato de adolescente apreendido em escola da Capital com uma garrucha não municiada, mas um fato isolado e, mesmo assim, sem concretude — explica Nedel.
Todas as denúncias estão sendo monitoradas, estamos entrando em contato com escolas e tomando providências como identificação e depoimento de suspeitos. Os inquéritos estão sendo concluídos um por um e remetidos à Justiça
CAROLINE BAMBERG
DIRETORA DA DIVISÃO ESPECIAL DA CRIANÇA E ADOLESCENTE (DECA)
O delegado diz que uma nova atualização dos dados está sendo feita de forma permanente, inclusive com fatos recentes que possam estar surgindo nesta segunda-feira (10). Todas as mensagens são checadas e os suspeitos identificados, acionados para depor. A delegada Caroline Bamberg, da Divisão Especial da Criança e Adolescente, informa que, na Capital, há três ocorrências em que os suspeitos de ameaçar escolas foram identificados e já acionados para depor.
— Todas as denúncias estão sendo monitoradas, estamos entrando em contato com escolas e tomando providências como identificação e depoimento de suspeitos. Os inquéritos estão sendo concluídos e remetidos à Justiça — diz Caroline.
Nos três casos em que a polícia ouviu os suspeitos identificados, trata-se de ameaça, com pena de um a seis meses de detenção, além de multa. Como não há registro de casos em que as ameaças se concretizaram, todos os envolvidos estão sendo responsabilizados pela mesma tipificação criminal. O levantamento e as investigações continuam.
A SSP pede atenção e cuidado na hora de compartilhar informações sobre estes tipos de caso, mas reforça que as ocorrências sempre devem ser feitas para que os agentes possam trabalhar com prevenção. Além disso, programas educacionais são realizados junto à rede escolar para coibir o uso de drogas e violência como o Papo de Responsa, da Polícia Civil, e o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), realizado pela BM.
A força-tarefa montada pela Polícia Civil tem celular disponibilizado para denúncias: (51) 98444-0606. Denúncias também podem ser feitas no período de 24 horas na própria SSP pelo telefone 181 e no Disque Denúncia pelo telefone 197.