Nem a chuva contínua que cai em Blumenau, Santa Catarina, nesta sexta-feira (7), cessou as homenagens às quatro crianças assassinadas no ataque à creche Cantinho Bom Pastor na última quarta-feira (5). Cerca de 250 motoboys, além de alguns motoristas com carros, se concentraram no centro da cidade e seguiram para a escola.
Em frente ao local, fizeram uma roda de oração, aplaudiram as vítimas e, por fim, soltaram balões brancos em formato de estrela, cada um com o nome de uma das crianças: Bernardo Pabst da Cunha, quatro anos, Enzo Marchesin Barbosa, quatro, Bernardo Cunha Machado, cinco, e Larissa Maia Toldo, sete.
O grupo se reuniu no começo da manhã, passou pelo cemitério onde três delas foram enterradas e dispersou em frente à creche.
— Vieram pessoas de outras cidades também, como Rio do Sul, Gaspar, Joinville — diz o motoboy Cléber Alves, de28 anos, que organizou as homenagens, convocando os colegas por grupos de WhatsApp.
Grande parte dos profissionais que estiveram presentes amarrou balões brancos na traseira das motos. O grupo foi escoltado pela guarda municipal de Blumenau.
— É uma coisa que sensibiliza não só a classe, não só os pais, mas acho que todo mundo que tem filho. Todo mundo que é ser humano sente — lamenta Jonathan Vargas, 26 anos.
Ele mora a apenas 300 metros da creche, mas conta que estava em Florianópolis a trabalho quando o massacre ocorreu:
— Só de lembrar, me arrepio inteiro.
Jonathan tem um filho de três anos que frequenta uma creche pública de Blumenau. Ele comenta que seu plano inicial era matricular o filho na Cantinho Bom Pastor.
Sensibilizado, o motoboy Sávio Bruno, 27 anos, participou das homenagens por razão similar.
— Como tenho filha (de cinco anos), não sei como é a dor, mas imagino que seja grande. Então, resolvi vir participar — explica.