A morte de um jovem de 18 anos entre os bairros Mathias Velho e Harmonia, na quinta-feira (9), e a de um homem no bairro Guajuviras, na terça (7), são as mais recentes registradas em Canoas que estariam por trás de uma guerra de facções. Desde janeiro, já são 30 assassinatos, sendo nove nos últimos 14 dias.
O total de homicídios nos primeiros 69 dias deste ano já é quase a metade do que foi registrado nos 12 meses de 2022 no município. Em todo o ano passado, houve 62 assassinatos. A Polícia Civil investiga todos os casos e diz que 90% deles estão relacionados às mortes de dois líderes de facções ocorridas no ano passado. Depois disso, houve uma escalada da violência que se acirrou neste ano por disputa de territórios do tráfico de drogas.
Na quinta-feira, de acordo com a Brigada Militar (BM), suspeitos dentro de um carro se aproximaram de um jovem de 18 anos que caminhava pela Rua Negrinho Santos. Eles deram vários tiros na vítima. Apesar de ser encaminhado para o hospital, ele não resistiu. O nome dele ainda não foi divulgado, mas a polícia trabalha com acerto de contas envolvendo a guerra do tráfico.
Na terça-feira, Felipe Porto Cesar, 29 anos, foi morto com 10 tiros enquanto caminhava por uma rua no bairro Guajuviras. Este é mais um caso investigado como decorrente da morte de dois líderes de facções. O diretor do Departamento de Homicídios, delegado Mario Souza, não está divulgando os nomes dos dois suspeitos de serem alguns dos chefes das organizações criminosas que atuam na cidade, mas revela que estes óbitos causaram uma ausência de comando.
O comandante da BM na cidade, tenente-coronel André Stein, diz que a corporação, que atua em conjunto com a Polícia Civil nestes casos, tem a mesma informação. Devido a este aumento do número de mortes ligadas à guerra de facções, nos mesmos moldes que ocorreu em Porto Alegre no início e no meio do ano passado, com cerca de 50 homicídios, as Forças de Segurança e a prefeitura de Canoas realizaram uma reunião nesta semana para traçar um plano de ação contra essa onda de homicídios.
Medidas
O delegado Souza diz que foram elaboradas sete estratégias e que pode falar de apenas algumas delas para não prejudicar o plano de ação.
— Transferimos o gabinete da divisão de homicídios da Região Metropolitana para Canoas por 15 dias, podendo ser prorrogado por mais 15; intensificamos operações para cumprir ordens judiciais sobre homicídios, combater a lavagem de dinheiro do tráfico e identificar líderes que dão as ordens para as execuções — ressalta.
O tenente-coronel Stein diz também que tem potencializado a presença dos batalhões de Operações Especiais, Choque e de Aviação nas áreas mais conflagradas pelo tráfico e, consequentemente, por homicídios. O militar destaca ainda que, apesar da escalada da violência, a maioria das vítimas assassinadas tem o perfil de ligação com organizações criminosas, portanto, não foram fatos aleatórios.
— Temos dialogado diariamente com a Polícia Civil na busca da identificação e captura de autores e mandantes da criminalidade violenta. São realizadas operações conjuntas frequentemente. Estamos trabalhando muito, ininterruptamente, para reverter essa situação em Canoas — diz Stein.
O comandante da BM na cidade diz ainda que o maior registro de mortes tem ocorrido nos bairros Mathias Velho, Harmonia, Guajuviras e Estância Velha.
A prefeitura de Canoas, que participou de reunião nesta semana com as forças de segurança, informa que um dos objetivos é tirar do papel o projeto do cercamento eletrônico e usar o sistema para auxiliar no combate ao crime organizado. Atualmente, a cidade já conta com 128 câmeras, a maioria já com a tecnologia que faz a leitura de placas de veículos.
O executivo municipal também conseguiu articular a compra de 12 viaturas neste ano para as Forças de Segurança que atuam no município, e deve adquirir outras 12 até o fim do ano. Além disso, anunciou nesta sexta-feira (10) que vai chamar 54 guardas municipais para curso que irá qualificar 40 agentes até a segunda metade do ano. O objetivo é que eles também participem das operações integradas contra o aumento dos assassinatos.