Na tentativa de frear os homicídios comandados pelos grupos envolvidos no tráfico de drogas em Canoas, na Região Metropolitana, Polícia Civil e Brigada Militar desencadearam entre a noite de sexta-feira (3) e a madrugada deste sábado (4) uma ofensiva. A chamada operação Asfixia 3 resultou em 250 abordagens, 20 veículos em situação suspeita revistados e um preso com um carro roubado.
A ação foi realizada em diferentes bairros do município, mas o foco principal se deu naquelas áreas onde ocorreram os homicídios mais recentes, como os bairros Mathias Velho e Guajuviras. Canoas vem vivendo um momento de recrudescimento da violência, com elevação dos assassinatos. Nesta semana, o município chegou a 14 mortes num período de 15 dias. Boa parte delas, segundo a polícia, está ligada ao tráfico de drogas.
A ofensiva foi realizada pela Polícia Civil e Brigada Militar, numa ação conjunta. As abordagens se iniciaram ainda na noite de sexta-feira, com 111 policiais civis e militares. O dia foi escolhido para dar início à operação, segundo a polícia, por ser considerado aquele no qual os criminosos costumam se preparar para as execuções.
Durante a ação, a Brigada Militar prendeu um homem que estava com um veículo roubado. Os policiais tentaram fazer a abordagem no bairro Rio Branco, mas o condutor não obedeceu a ordem de parada. Os PMs conseguiram abordar o carro na sequência e descobriram que ele constava como roubado. O motorista foi preso em flagrante e encaminhado à Polícia Civil.
O delegado Mario Souza, que assumiu recentemente a direção do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), diz que a ofensiva é uma das ações imediatas a partir de um plano estratégico traçado para tentar conter os assassinatos em Canoas:
— A nossa regra no DHPP será: onde ocorrer homicídios será concentrada toda energia da Polícia Civil. O foco será prejudicar o crime organizado que manda matar. Seja com operações como a asfixia, mas também com o cumprimento de ordens judiciais, combate ao tráfico de drogas e outros crimes, operações especiais e de lavagem de dinheiro, tudo no intuito de causar prejuízo ao crime organizado.
A intenção, segundo o delegado, é manter a Operação Asfixia como uma ofensiva especial e permanente, com objetivo de saturar as áreas onde ocorrem os homicídios ou as disputas. Sobre Canoas, Souza afirma que as mortes relacionadas ao crime organizado envolvem disputas e também outros contextos, como a cobrança de dívida de usuários, e as vinganças entre criminosos.
— É importante destacar que o trabalho desenvolvido pela gestão anterior foi excelente. Todavia, é fato o aumento nos últimos meses. Nosso foco será especialmente os mandantes, que são os líderes das organizações criminosas. Devem ser presos os matadores e os mandantes. Se eles insistirem em ordenar mortes serão punidos, e as ações serão todas voltadas para a desestruturação dessas organizações — afirma o delegado.
Alguns casos
No bairro Guajuviras, um dos que recebeu a ofensiva nesta madrugada, dois homens foram mortos a tiros e um terceiro foi baleado na última terça-feira (28). O crime aconteceu à luz do dia, por volta das 14h, próximo à Estrada Passo do Nazário. Criminosos num carro vermelho teriam efetuado disparos contra as vítimas. Quando os policiais chegaram ao local, duas delas já estavam mortas, e a terceira, baleada.
No início da noite da última quarta-feira (1º) um homem foi morto com disparos de arma de fogo no bairro Estância Velha. O crime ocorreu dentro de uma barbearia localizada na Avenida Santos Ferreira com a Severo da Silva. Testemunhas relataram aos policias militares que dois homens em um carro foram vistos efetuando os disparos e saindo do local. A vítima, que seria o proprietário do estabelecimento, não teve a identidade divulgada.
Com esse crimes, Canoas chegou a 26 assassinatos neste ano, sendo ao menos 14 nas duas últimas semanas de fevereiro. No mesmo período do ano passado, eram 10 mortes a menos. Somados os meses de janeiro e fevereiro de 2022, 16 assassinatos foram contabilizados no município da Região Metropolitana.