O julgamento do Caso Bernardo chega a seu quarto dia de júri e, entre defesas e testemunhas, diversas frases sobre o ocorrido em 14 de abril de 2014, foram extremamente impactantes. O caso deve ser concluído nesta quinta-feira (23).
GZH reuniu as falas mais marcantes desde o início das sessões no plenário do fórum de Três Passos, no noroeste do Estado.
"Eu preciso assistir isso?"
Disse Leandro Boldrini, réu pela morte do filho Bernardo, aos seus advogados. O questionamento ocorreu depois dele assistir, durante a sessão, as imagens do menino pedindo socorro por várias vezes, após uma discussão entre ambos e da madrasta Graciele Ugulini.
"Não tinha amor pelo filho. Ele tinha uma relação muito forte de cumplicidade com a Graciele, que ela tinha dito: "Ou eu, ou ele", então, sim, o doutor Boldrini, diante de todos esses elementos, tinha interesse também na morte do menino"
Frase da delegada regional Cristiane de Moura e Silva Braucks, que participou da investigação na época do crime. Segundo ela, não havia espaço para o Bernardo no núcleo familiar, a depender de Leandro e Graciele.
"Era órfão de pai vivo, órfão de uma família ausente.
A psicóloga Ariane Schmitt, que falou sobre como eram as sessões de terapia com Bernardo, relata que o ele não tinha a atenção do pai e da madrasta. "Isso é mais triste do que a perda, porque a orfandade é sentida no dia a dia", disse a profissional que acompanhava o menino.
"Tia, não sou personagem algum, ninguém conta histórias para mim"
Dizia Bernardo à psicóloga, que repetiu a frase do menino em júri. Nas sessões, Ariane revela que ele se identificava com "O patinho feio", pela rejeição sofrida.
"Ele não aguentava mais ficar na mesma casa que ela"
Afirmou a técnica em enfermagem e ex-funcionária de Boldrini, Marlise Cecília Rentz, que salienta a boa relação entre o menino e a madrasta no início do relacionamento dela com o médico, mas que houve uma ruptura. Ainda, a mulher diz que "ela (Graciele) vivia grudada no Bernardo, com se ele fosse dar o que ela queria. Mas depois chegou num limite."
"Ele chegou e disse que não tinha almoçado, e isso já era de tarde. Eu não ia conseguir ir com ele aquela hora, então dei dinheiro para ele comer"
A vizinha Juçara Petry, realizou um depoimento marcado por emoção, ao ponto de precisar ser interrompido por alguns minutos. Ela relembra como Bernardo era cuidadoso: "Ele foi, comeu e voltou. Ele trouxe o troco para mim. É muito triste lembrar tudo isso".