Dois músicos da banda de Seu Jorge devem depor entre quarta (23) e quinta-feira (24). A Delegacia de Combate à Intolerância, que apura o caso, informa que eles serão ouvidos por videoconferência. Desde que ocorreu o show no Grêmio Náutico União (GNU), em Porto Alegre, 15 pessoas já prestaram depoimento. A Polícia Civil pretende ouvir pelo menos mais três.
Além disso, a delegada Andrea Mattos ainda aguarda pela perícia no áudio dos vídeos feitos no evento. O objetivo é confirmar o que algumas testemunhas informaram, sobre o fato de ter havido ofensas racistas durante a apresentação realizada dia 14 de outubro. Também é preciso ouvir mais uma testemunha para que esta parte do inquérito seja concluída, conforme a polícia. Ainda não há prazo para o encerramento da apuração.
Em princípio, a polícia quer oficializar o depoimento dos músicos que, junto a Seu Jorge, retornaram ao palco para o tradicional "bis". A delegada, após depoimento do próprio cantor — que disse não ter ouvido manifestação em relação à cor da sua pele — e da produtora musical, já recebeu a informação de que os dois integrantes também não teriam percebido insultos pelo fato de estarem com o chamado "ponto". São fones de ouvidos que diminuem ruídos externos para que todos os componentes do grupo possam manter contato e ter retorno entre si.
Com os depoimentos dos músicos e o de mais uma testemunha, que ainda está sendo agendado, a polícia pretende concluir essa parte do inquérito com um total de 18 pessoas ouvidas. Além dos integrantes da banda e da produção, depuseram operadores de áudio e vídeo, presidente do GNU e várias testemunhas, algumas negando ter ouvido ofensas racistas e outras confirmando.
Entre o que teria sido dito, a polícia destaca sons imitando macacos e palavras como "nego vagabundo" e "nego preguiçoso". Apesar de estes depoimentos serem considerados provas, conforme o Código de Processo Penal brasileiro, Andrea quer obter a indícios técnicos e, por isso, ainda aguarda resultado pericial.
Nesta segunda-feira (21), a delegada entrou em contato com o Instituto-Geral de Perícias (IGP) para saber se há algum prazo previsto para conclusão dos laudos. Por enquanto, ainda não há, mas o órgão informa que o trabalho está na reta final. Enquanto isso, o inquérito também não tem data para ser finalizado.
Seu Jorge prestou depoimento ainda em outubro, também por videoconferência. Ele afirmou que soube dos supostos atos por meio de comentários nas redes sociais. O vídeo que o cantor havia publicado em seu perfil no Instagram lamentando ter sido alvo de "grosseria racista", tendo a bandeira do Rio Grande do Sul ao fundo, foi apagado.