Na próxima segunda-feira (14) terá se passado um mês desde que ocorreu o show do cantor Seu Jorge no Grêmio Náutico União (GNU) em Porto Alegre. No evento, o artista teria sofrido ataques racistas de alguns presentes. A Polícia Civil investiga o caso e segue tomando depoimentos de testemunhas. Na tarde desta sexta-feira (11), um operador de áudio e imagem contratado pelo clube será ouvido.
A titular da Delegacia de Combate à Intolerância, delegada Andrea Mattos, diz que espera muitas informações complementares com as respostas deste depoente. O operador também deve entregar um novo vídeo, gravado no dia do evento.
As imagens da noite são tidas como elementos importantes da investigação e estão sendo submetidas a análise do Instituto-Geral de Perícias (IGP). O inquérito só será concluído quando estiverem disponíveis os laudos periciais do órgão.
A delegada explica que não há prazo para o trabalho ser encerrado e que a principal meta é obter uma prova técnica com a melhora da qualidade do material recebido pelos agentes nos primeiros dias da apuração. Andrea diz que o IGP não estipulou uma data para encaminhar os laudos porque o objetivo é ter a maior precisão possível na perícia.
A responsável pela investigação destaca que a música alta, o barulho de várias vozes ao mesmo tempo e até mesmo a distância entre o aparelho e o local onde as pessoas poderiam ter proferido as ofensas têm prejudicado a apuração.
Mesmo em caso de resultado inconclusivo na obtenção de provas a partir dos vídeos, a polícia trabalha com os depoimentos para elucidar o caso. Na próxima quarta-feira, mais uma testemunha prestará depoimento na delegacia. A delegada Andrea Mattos tentará ouvir na próxima semana, por videocoferência, mais integrantes da banda.
Até agora, já prestaram depoimento o próprio Seu Jorge, o presidente do GNU, funcionários e outras testemunhas. Algumas disseram que não conseguiram perceber ofensas e outras confirmaram que viram pessoas imitando sons de macaco, além de proferindo xingamentos contra o cantor com referências à cor da pele dele. No início do mês, duas testemunhas, um homem e uma mulher, por exemplo, afirmaram ter ouvido gritos de “nego vagabundo” e “nego preguiçoso”.
Seu Jorge foi ouvido ainda em outubro, por vídeo, e disse não ter ouvido as ofensas racistas. Ele afirmou que soube dos supostos atos por meio de comentários, principalmente nas redes sociais. O vídeo que ele havia publicado em seu perfil no Instagram, em que lamentava o fato e se dizia alvo de "grosseria racista", foi apagado.