Seu Jorge depôs na Polícia Civil gaúcha — na condição de vítima — por meio de vídeo no final da tarde de terça-feira (25) sobre o show realizado em Porto Alegre no dia 14 deste mês. A delegada Andrea Mattos, da Delegacia de Combate à Intolerância, diz que só divulgou o teor do depoimento nesta quarta-feira (27) porque aguardava assinatura do documento para se manifestar.
Segundo ela, o cantor disse, em linhas gerais, que não conseguiu ouvir manifestações de cunho racista por estar usando fones de ouvido no evento no Grêmio Náutico União (GNU). A delegada ressalta que o músico disse que soube das supostas ofensas por meio de comentários, principalmente pelas redes sociais.
— Ele ainda disse que, devido ao retorno do palco que usa junto aos fones, também dificultou ouvir o que o público teria dito — conta a delegada.
Por fim, o cantor ressaltou que só não voltou para o palco para o chamado “bis”, a última música do show, por não se sentir à vontade devido à quantidade de vaias altas e fortes da plateia. A polícia já ouviu oito pessoas até agora em 12 dias de investigação: são quatro pessoas ligadas ao clube ou contratadas pelo União e três testemunhas.
A delegada Andrea diz que o presidente do GNU, Paulo Bing, o chefe de eventos do clube, o responsável pela empresa contratada para realizar o show e a assistente de camarim afirmaram que só ouviram vaias e xingamentos. No entanto, as ofensas estariam ligadas a um sinal feito pelo cantor indicando apoio a um dos candidatos a presidente da República.
Das testemunhas ouvidas, duas afirmaram ter escutado sons de pessoas imitando macaco, sendo apenas uma delas dizendo que ouviu a palavra “negro”. Outras duas testemunhas intimadas vão ser ouvidas na próxima semana.
A polícia ainda aguarda pelo resultado pericial em imagens do show que foram fornecidas pelo clube e testemunhas ou anexadas ao inquérito via redes sociais. Novas imagens não foram obtidas até o momento.
O telefone para denúncias à Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância, que também tem WhatsApp, é (51) 98595-5034. A Polícia Civil informa que podem ser enviadas denúncias e imagens, alertando que o sigilo é garantido em todos os casos.