Um estudante de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que teria manipulado o pênis de um paciente que estava sendo anestesiado para cirurgia, foi denunciado pelo Ministério Público (MP) por estupro de vulnerável. A acusação do MP seguiu o mesmo entendimento da Polícia Civil, que indiciou Guilherme Fernandes Gonçalves na conclusão do inquérito. A ação tramita na 5ª Vara Criminal de Porto Alegre.
O caso teria ocorrido em abril, quando Guilherme fazia estágio no Hospital Independência, em Porto Alegre. Conforme a investigação conduzida pela delegada Andrea de Melo da Rocha Mattos, da Delegacia de Combate à Intolerância, testemunhas teriam confirmado a ação do estudante, que teria tocado e masturbado o paciente.
Em depoimento à polícia, o paciente disse lembrar de ter sido tocado, mas explicou que não conseguiu reagir por causa da sedação. Ele relatou que "sentiu uma mão na sua barriga e momentos depois sentiu que a mão desceu para seus testículos e tocou o seu pênis".
Testemunhas contaram que Guilherme teria colocado as mãos sob o lençol e acariciado o pênis do paciente que estava anestesiado. Quando foi retirado da sala e confrontado por uma enfermeira e uma psicóloga do hospital, Guilherme teria afirmado que estava gripado e com frio e que colocara as mãos sob o lençol para se aquecer.
O suposto fato foi percebido por um técnico de enfermagem enquanto o paciente era anestesiado. O profissional relatou ter visto que Guilherme "estava com as mãos por baixo do lençol que cobria o paciente, colocando sua mão na região dos genitais do paciente, sendo que Guilherme realizava movimentos por baixo do lençol".
O caso foi investigado na Delegacia de Combate à Intolerância porque Guilherme fez um registro alegando estar sendo vítima de homofobia por parte de uma colega que havia relatado o fato à direção da faculdade. Depois, ele desistiu de representar criminalmente contra a colega, mas a apuração seguiu.
A direção da Faculdade de Medicina da UFRGS soube do suposto ocorrido por relatos verbais e entendeu não ser o suficiente para fazer uma apuração. Em setembro, quando o caso veio a público e houve acesso ao inquérito policial, a faculdade decidiu abrir procedimento disciplinar contra o aluno. O prazo para conclusão é em 12 de dezembro.
A Justiça está analisando se aceita a denúncia contra Guilherme.
Contraponto
Os advogados de Guilherme Fernandes Gonçalves, Ronaldo Farina e Marco Antônio de Abreu Scapini, se manifestaram por meio de nota. Confira:
O acusado sequer foi citado e, portanto, a defesa desconhece o teor da acusação, aguardando assim o momento oportuno para tomada das medidas legais cabíveis. Sobre o processo administrativo (que tramita na UFRGS), já houve a apresentação de defesa escrita buscando-se, em especial, a observância do pleno direito de defesa. Ressalta ainda que o fato é complexo, tendo em vista o registro da ocorrência do próprio investigado ser vítima de homofobia.