A morte de Viniciu Reinaldo Albrecht, 37 anos, em maio, segue sendo investigada. O policial militar foi morto a tiros em uma propriedade rural em Ciríaco, no norte do Estado, durante uma briga com um agricultor. Conforme a Polícia Civil, as equipes aguardam o resultado de perícias para concluir a apuração. Até o momento, ninguém foi preso.
Segundo o delegado de Ciríaco, Diogo Ferreira, é aguardado o resultado da perícia de confronto balístico para entender qual arma foi usada para matar o soldado. No dia do crime, duas armas foram recolhidas do local, ambas de Albrecht.
— Essa perícia vai nos ajudar a desvendar se ele foi morto com alguma dessas duas armas ou se foi usada uma terceira. Isso vai impactar nas conclusões do inquérito, ajudará a verificar se quem matou o policial agiu em legítima defesa, como afirma, ou não. Como apenas o atirador e o PM estavam no local, é preciso verificar o que realmente aconteceu. A questão da perícia é muito importante, até para delimitar quais versões procedem, pois há algumas divergências — disse o delegado.
Não há prazo para entrega do laudo técnico, que é produzido pelo Instituto-Geral de Perícias do Estado (IGP-RS).
O caso ocorreu em 21 de maio, na localidade de Cruzaltinha, área rural de Ciríaco. Naquele dia, Albrecht estaria na propriedade rural a pedido de uma terceira pessoa, e permaneceria ali durante o fim de semana para cuidar do local. Ele se deslocou até a localidade após terminar o plantão pela BM, em Tapejara, onde estava lotado e também residia, já no período de folga.
O confronto ocorreu à tarde, quando um agricultor teria chegado ao local afirmando que estava retomando a posse das terras. Após discussão, os dois teriam entrado em luta corporal, que evoluiu para o disparo que resultou na morte do PM. O agricultor também foi baleado naquele dia. Ele conseguiu sair do local e pedir ajudar. Chegou a ficar internado em um hospital de Passo Fundo, mas foi liberado depois. O PM morreu no local.
— Estavam ocorrendo algumas brigas pela posse das terras, entre o atirador e uma terceira pessoa, que é mais um ponto que também é investigado — complementa o delegado, que prefere não entrar em detalhes do caso enquanto a perícia não é concluída.
Ao longo da investigação, foram ouvidos pelas equipes o atirador e essa terceira pessoa, além de testemunhas que ajudaram a socorrer o agricultor que disparou contra Albrecht.
PM estava na corporação desde 2009
Natural de Jacutinga, também no Norte, Viniciu Reinaldo Albrecht era casado e deixou dois filhos — uma menina de oito anos e um menino de seis.
O soldado atuava na BM desde 2009, e trabalhou praticamente toda a sua carreira nos municípios de Tapejara e Santa Cecília do Sul. Além do policiamento ostensivo, o soldado atuava pelo Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), fazendo conscientização de jovens em escolas públicas e particulares em diversas cidades da região. Ele participava como instrutor do programa desde 2018. Recentemente, havia concluído o curso nacional de formação de mentores do Proerd.
A morte do PM causou comoção na região, segundo o comandante do 3º Regimento de Polícia Montada (RPMon), tenente-coronel Marco Antônio dos Santos Morais:
— Era extremamente dedicado ao serviço, um policial exemplar. Não havia nada na ficha funcional que desabonasse sua conduta. Ele exercia esse trabalho junto à comunidade, em Tapejara e municípios do entorno, um trabalho social e muito importante, tanto que houve uma comoção na região quando ocorreu o fato.
Apesar de o policial estar de folga no momento do crime, a BM abriu um inquérito policial militar (IPM) em razão da repercussão do caso. O procedimento normalmente serve para apurar a conduta de PMs durante o serviço. Segundo Morais, nenhum crime ou transgressão foi constatado durante a apuração da BM.