O delegado José Soares Bastos, de São Gabriel, na Fronteira Oeste, está finalizando o inquérito que investiga a morte do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos. A reportagem de GZH apurou que os soldados Raul Veras Pedroso e Cléber Renato Ramos de Lima e o segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen serão indiciados pelo crime de homicídio doloso — quando há intenção de matar — com, pelo menos, duas qualificadoras: tortura e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
A polícia entende que houve tortura já que Gabriel foi agredido até a morte. No caso da impossibilidade de defesa da vítima, a investigação afirma que o jovem estava algemado quando recebeu os golpes.
Outros crimes poderão ser atribuídos aos PMs. O subchefe da Polícia Civil, delegado Vladimir Urach, disse em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, na terça-feira (30), que o crime de ocultação de cadáver será incluído no relatório final do inquérito. A Polícia Civil deverá divulgar o resultado final das investigações na quinta-feira (1º) em entrevista coletiva.
Gabriel desapareceu no dia 13 de agosto quando foi visto pela última vez sendo colocado dentro de uma viatura da Brigada Militar após abordagem no bairro Independência, em São Gabriel.
O corpo do jovem foi encontrado no dia 19 dentro de um açude na localidade de Lava Pé, cerca de dois quilômetros do local da abordagem. Os três policiais militares que participaram da ocorrência estão presos preventivamente.
Laudo de necropsia constatou que Gabriel morreu por hemorragia interna causada por agressão na coluna cervical. Ele também tinha marcas de agressão na cabeça.
Contrapontos
O que dizem as defesas
O advogado Ivandro Bitencourt Figueiró, que defende o sargento Jacobsen, enviou a seguinte nota a GZH:
“Importante termos serenidade no recebimento deste relatório do Inquérito Policial. Rogamos que as autoridades policiais que trabalharam no caso forneçam respostas completas e não parciais necessitando de complementação posterior por parte do Ministério Público ou per si na continuidade das investigações de forma não técnica esperando as manifestações e provas que serão apresentadas e produzidas no processo penal com espaço para o contraditório e ampla defesa. Espero sinceramente que os delegados de polícia não esqueçam nada”.
GZH aguarda retorno da advogada Vânia Barreto, que defende os soldados Lima e Pedroso.