Foi retomado às 14h05min desta sexta-feira (19) o júri de quatro dos cinco acusados pela morte de um empresário no estacionamento de um supermercado na zona sul de Porto Alegre, em 2016. O julgamento teve início pela manhã, no plenário da 2ª Vara do Júri, no 5º andar do Foro Central, na Capital, com o depoimento dos réus. À tarde, a fase de debates entre acusação e defesa foi iniciada com a fala do promotor Luiz Azevedo, que concluiu sua manifestação às 16h38min, pedindo a condenação dos réus.
Está em julgamento o assassinato de Marcelo Oliveira Dias, na época com 44 anos, morto a tiros na frente da filha, então com quatro anos e atingida por um tiro no rosto, no estacionamento do Zaffari localizado na Avenida Cavalhada. São acusados Rafael Panosso de Albuquerque, Carlos Henrique dos Santos Duarte, Bruno Fernando Sanhudo Teixeira e Geovani Bueno Antunes. O quinto réu, Fabio Fogassa, será julgado separadamente em razão de cisão no processo determinada pela Justiça.
O réu Rafael Panosso de Albuquerque confirmou, em depoimento pela manhã, que disparou cerca de 10 tiros contra a vítima, mas sem saber que se tratava do empresário Marcelo Dias — o que foi contestado pelo promotor:
— É claro que ele viu a criança. Ele não tinha como não ter visto. Negar isso é como negar que o sol vai nascer amanhã. No momento em que eu dou uma ordem para matar alguém eu estou assumindo todos os riscos.
As duas horas e meia de fala do promotor foram repletas de momentos de tensão com os advogados de defesa. Um deles ocorreu quando Azevedo sugeriu que disparo na filha do empresário teria sido uma espécie de “acidente de trabalho” ou um “erro de execução com dolo eventual”, gerando discussões com os defensores públicos Álvaro Fernandes e Eledi Amorim, que representam os réus Bruno Fernando Sanhudo Teixeira, Carlos Henrique dos Santos Duarte e Geovani Bueno Antunes.
O promotor ainda questionou o uso de diferentes apelidos atribuídos ao réu Bruno Fernando Teixeira (Playboy, BiBoy, Bruninho e Biba), afirmando que essa seria uma forma de Teixeira sair impune de diferentes acusações. Ele refutou os depoimentos dos acusados, que alegaram terem sido induzidos pela adolescente envolvida no homicídio.
— Querer transformar essa adolescente em uma grande traficante é um absurdo. Ela foi usada por eles — afirmou, reiterando pedido de condenação dos réus também por corrupção de menores.
Azevedo frisou que, quando a adolescente prestou depoimento, usava colete à prova de balas, tendo em vista que as informações prestadas por ela incriminariam os réus e ela disse ter sido ameaçada.
Os depoimentos da defesa serão divididos entre os defensores públicos e os advogados Jean Severo e Mirela Cabral, que representam Albuquerque. Após os debates, pode haver a solicitação de réplica e tréplica, antes que os jurados se reúnam para deliberar e votar pela condenação ou absolvição dos réus.
Acusações
- Os réus foram denunciados por homicídio e tentativa de homicídio, ambos triplamente qualificados.
- Também serão julgados por organização criminosa, receptação e adulteração de veículo automotor, por usarem um carro roubado com placa adulterada.
- A denúncia ainda inclui corrupção de menores, pela presença de uma adolescente no crime.