Começou na manhã desta sexta-feira (19) o júri de quatro dos cinco acusados pela morte de um empresário no estacionamento de um supermercado da Capital em outubro de 2016. Marcelo Oliveira Dias tinha 44 anos à época e foi morto a tiros na frente da filha, então com quatro anos e que acabou sendo atingida por um disparo no rosto.
No salão da 2ª Vara do Júri, no Foro Central de Porto Alegre, o réu Rafael Panosso de Albuquerque confessou ter matado o empresário por engano. O homem, contudo, negou a tentativa de homicídio da filha da vítima e a receptação do veículo usado no dia do crime.
Outro réu, Carlos Henrique dos Santos Duarte, negou a acusação de assassinato. Ao longo do julgamento, no entanto, admitiu que esteve no local do homicídio, na Avenida Cavalhada, e que chegou a atirar no carro do empresário. Assim como o primeiro acusado, ele afirmou também que uma adolescente — que estava junto com eles naquele dia — teria indicado a vítima como sendo um desafeto de Albuquerque.
Já os réus Bruno Fernando Sanhudo Teixeira e Geovani Bueno Antunes negaram envolvimento no crime. Ambos disseram, inclusive, que não estiveram no local do crime.
Os quatro respondem por homicídio e tentativa de homicídio triplamente qualificados, além de organização criminosa, receptação e adulteração de sinal automotor. Um quinto réu será julgado posteriormente, e a adolescente apontada pelos acusados já foi julgada, cumprindo medida socioeducativa.
Interrogatórios
O júri teve início às 10h08min desta sexta-feira com a escolha dos sete jurados. Em seguida, como não havia testemunhas, começaram os interrogatórios.
O primeiro a ser ouvido foi Teixeira, que disse ser inocente e que estava preso no dia do crime. Já Duarte — que confessou ter estado no local no momento do ataque ao carro do empresário — negou ser integrante de facção criminosa e afirmou que os tiros desferidos por ele teriam atingido a parte traseira do veículo da vítima.
— Não fomos matar a criança (filha do empresário), nunca faríamos isso. Fomos fazer outra coisa — declarou.
O terceiro réu, Geovani Antunes, alegou que estava em casa no dia do crime e que havia saído recentemente do presídio. Ele falou também que, apesar de estar descarregada, usava uma tornozeleira eletrônica à época.
Já Albuquerque confessou que foi ao supermercado da Avenida Cavalhada para executar um homem que teria tentado matá-lo em outra ocasião. Ele confirmou que disparou cerca de 10 tiros contra a vítima, mas sem saber que se tratava do empresário Marcelo Dias. O acusado afirmou ainda que foi induzido ao erro por parte da adolescente.
— Quero ser condenado. Foi um inocente e, por isso, não tenho como negar o crime. Me dói, quero pedir desculpas de coração à família. Eu sofro, e não é uma condenação que vai me curar — disse.
O interrogatório do quarto réu terminou às 12h46min. À tarde irão acontecer debates, com réplica e tréplica entre acusação e defesa, para depois ocorrer a sentença dos jurados.