Rui das Merces Alcântara Fontes, 36 anos, o homem que foi agredido com golpes de faca no centro de Bento Gonçalves, não resistiu aos ferimentos e morreu na noite desta quinta-feira (19). A informação foi confirmada pelo Hospital Tacchini.
Fontes deu entrada no hospital na tarde desta quinta, em estado grave. Chegou a ser internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu aos ferimentos.
O caso de agressão que vitimou Fontes aconteceu por volta do meio-dia, na Praça Dr. Bartholomeu Tacchini, na área central de Bento Gonçalves, uma das regiões mais movimentadas da cidade. Pessoas que presenciaram a situação relatam que o caso começou quando o agressor urinava na parede de um prédio junto à praça. Uma mulher que estava com uma menina viu a cena e começou a discutir com o suspeito. O bate-boca durou cerca de cinco minutos. Fontes tentou afastar a mulher do homem e, depois, deu um tapa no suspeito.
— O cara (suspeito) reagiu e a princípio achamos que era soco, porque ele fazia esse movimento (como se golpeasse com a mão). Quando o pessoal viu o sangue é que se assustou — conta uma testemunha, que prefere não se identificar.
Um jovem foi quem percebeu que se tratava de uma faca e deu um chute para afastar os envolvidos na confusão. Outro homem, que viu o início da ação de longe, se aproximou e afastou a arma dos envolvidos. Após a agressão, o suspeito voltou a sentar no banco e ficou ali até as autoridades chegarem.
— Quando cheguei, ele tinha acertado umas sete ou oito facadas no cara (na vítima). E aí, demos uma voadora e tiramos a faca — relata outra testemunha.
A Guarda Municipal foi acionada, e o suspeito foi detido em flagrante. À noite, a Justiça converteu a prisão em preventiva, de acordo com o delegado Éderson Bilhan.
O homem tem 42 anos, é natural de Bento Gonçalves, possui termos circunstanciados registrados na Polícia Civil por ameaça e lesão corporal.
Como o suspeito estava urinando em público, a Polícia Civil investiga se ele teria cometido algum tipo de crime sexual. Imagens de câmeras de segurança devem ser analisadas pela polícia, que também deve ouvir outras pessoas para esclarecer esse ponto. O suspeito já depôs e negou que teria importunado sexualmente a criança que estava na praça.
Segundo Bilhan, a apuração deve apontar se ele realizou um ato obsceno - por expor órgão sexual em público -, importunação sexual ou estupro (caso se comprove que o alvo foi uma criança).
— Vamos partir da premissa de que um indivíduo estava urinando em praça pública, movimentada, cheia de gente, sem atentar contra ninguém, pode ser entendido como um ato obsceno. É um crime previsto no artigo 233 do Código Penal — diz.
— Se esse ato for praticado contra alguém, como o indivíduo mostrar o órgão genital a alguém diretamente. É um ato libidinoso. Podemos entender isso como importunação sexual. Se o ato libidinoso for contra alguém específico, chegar a tocar ou ter algum tipo de penetração, aí estamos falando de estupro. Temos entendimento recente de tribunais superiores, notadamente do STJ, se a importunação sexual for para satisfazer a própria lascívia, ou seja, satisfazer o interesse sexual, e a vítima for uma criança e adolescente, seria um crime de estupro e não de importunação sexual. Então, tem essas diferenças jurídicas e eu não sei em qual se enquadraria o crime, porque temos que analisar com calma, imagens — completou.