O primeiro sorteio de jurados para o julgamento dos quatro acusados de matar o médico Marco Antônio Becker ocorreu na tarde desta sexta-feira (22). No total, 160 nomes foram sorteados na sede da Justiça Federal, em Porto Alegre.
As defesas dos réus estão presentes, assim como o Ministério Público e o juiz Roberto Schaan Ferreira, da 11ª Vara Federal da Capital, que conduz o processo. O sorteio começou às 13h30min.
Conforme a Justiça Federal, as pessoas que tiveram os nomes sorteados serão intimadas a comparecer no dia do júri, marcado para 15 de agosto, às 9h – com previsão de se estender até o dia 18. Até o início do julgamento, a lista deve ser menor, já que é possível pedir dispensa. No dia do júri, ocorre o segundo e último sorteio: sete pessoas serão selecionadas.
O então vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Marco Antônio Becker, foi morto a tiros há quase 14 anos, na noite de 4 de dezembro de 2008, na Rua Ramiro Barcelos, no bairro Floresta, em Porto Alegre.
Conforme a denúncia do Ministério Público Federal, o ex-andrologista Bayard Olle Fischer dos Santos é acusado de ser o mandante do crime. Um ex-assistente dele, Moisés Gugel, teria intermediado negociações para matar Becker. O traficante Juraci Oliveira da Silva, o Jura, é acusado de planejar o crime. Michael Noroaldo Garcia Câmara teria sido contratado para o assassinato. Ainda segundo o MPF, a motivação para o crime seria o fato de Becker ter sido o responsável pela cassação do diploma de médico de Bayard.
Os réus respondem ao processo em liberdade. Bayard e Moisés chegaram a ser presos por esse crime, mas estão soltos desde 14 de abril de 2011. Michael Noroaldo Garcia Câmara estava preso por outro caso até 25 de junho de 2021, quando foi colocado em liberdade. Já Juraci Oliveira da Silva está preso por outros crimes e foi transferido do sistema penitenciário gaúcho para uma prisão federal em 9 de novembro de 2020, em razão da sua periculosidade.
As reviravoltas no Judiciário
O caso tramitou por quatro anos na Justiça Estadual. O delegado Rodrigo Bozetto, da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil, concluiu a investigação em um ano, indiciando seis pessoas no dia 11 de dezembro de 2009. Em 21 de dezembro de 2009, a promotora de Justiça Lúcia Helena Callegari denunciou 12 pessoas. O caso seria julgado pela Justiça Estadual, mas teve reviravolta.
Em setembro de 2012, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que o processo era de competência da Justiça Federal, por entender que o motivo do crime é uma decisão na esfera federal - no caso, a cassação do registro médico pelo Cremers e suposta influência da vítima no Conselho Federal de Medicina.
O processo foi distribuído para a 11ª Vara Federal de Porto Alegre em 30 de abril de 2013. Coube ao MPF oferecer nova denúncia, que foi feita contra oito pessoas. A instrução da ação penal começou em abril de 2017, quando as testemunhas e as partes acusadas passaram a ser ouvidas. Em 29 de janeiro de 2019, o juiz decidiu que quatro dos oito réus seriam julgados pelo Tribunal do Júri.
Recursos foram movidos pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelas defesas. Após os julgamentos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (em maio de 2020), as defesas ingressaram com Recursos Especiais no STJ.