Mais de 10 anos após o crime, a Justiça Federal definiu que quatro réus pela morte do médico Marco Antônio Becker serão julgados pelo Tribunal do Júri. A sentença de pronúncia foi publicada na terça-feira (29), mas ainda não há data para o julgamento. O oftalmologista foi executado a tiros no dia 4 de dezembro de 2008, na Rua Ramiro Barcelos, no bairro Floresta, em Porto Alegre.
Serão julgados pelo crime de homicídio triplamente qualificado o ex-andrologista Bayard Ollé Fischer Santos, apontado como mandante do crime, o ex-assistente do médico Moisés Gugel, o traficante Juraci Oliveira da Silva, o Jura, e Michael Noroaldo Garcia Câmara, que seria o executor do crime.
Na mesma sentença, o juiz Roberto Schaan Ferreira considerou que não havia indícios suficientes e não pronunciou Anderson Roberto Farias Bones e Paulo Ricardo Machado. Bones era acusado de ser o executor do crime, e Machado de planejar a ação junto ao traficante Jura.
Jorge Roberto Gioscia Filho, ex-colega de Bayard, e o pai de santo Júlio Henrique Marques, que eram acusados de falso testemunho, também não foram pronunciados.
Relembre o caso
_ Na noite de 4 de dezembro de 2008, o oftalmologista e vice-presidente do Cremers Marco Antonio Becker foi morto a tiros dentro de seu carro depois de ser abordado por dois homens em uma motocicleta na Rua Ramiro Barcelos, bairro Floresta, na Capital.
_ Em 11 de dezembro de 2009, a Polícia Civil indiciou o ex-andrologista Bayard Fischer dos Santos e mais quatro pessoas. Ele seria o mandante do crime. A motivação seria o fato de Becker ter sido responsável pela cassação do diploma de médico de Bayard. O assessor do ex-andrologista, Moises Gugel, foi acusado de intermediar o contato entre seu chefe e o traficante Juraci Oliveira da Silva, conhecido como Jura, que está preso por outros crimes. Jura seria o responsável por enviar os matadores de Becker.
_ No dia 22 de dezembro do mesmo ano, a promotora Lúcia Helena de Lima Callegari encaminhou a denúncia à Justiça. Ela incluiu três pessoas a mais do que o número de indiciados pela polícia na ação.
_ No dia 29 de dezembro de 2009, a Justiça aceitou a denúncia contra o ex-andrologista e outras 10 pessoas _ das quais sete por participação no crime. Um dos réus, Fabiano Silva do Nascimento, o Fio, foi excluído da ação porque foi assassinado.
_ Em maio de 2010, o traficante Jura foi preso no Paraguai.
_ Em 2 de agosto de 2010, começaram os depoimentos da acusação no Caso Becker. Neste mesmo ano, o advogado de Gugel, Marcos Vinicius Barrios, entrou com habeas corpus no STJ. A alegação é de que o Cremers representa o Conselho Federal de Medicina. Por isso, como o motivo do crime seria a cassação do diploma de Bayard, segundo o Ministério Público Estadual, o processo deveria tramitar em âmbito federal.
_ Em 14 de abril de 2011, foi determinada a libertação de Bayard, preso em 11 de fevereiro de 2010, e de outros cinco presos. Conforme a 2ª Câmara do Tribunal de Justiça, os réus ficaram mais de um ano recolhidos e, por isso, podem responder pelos delitos em liberdade.
_ Em 4 de setembro de 2012, o processo é repassado para a Justiça Federal.
_ Em abril de 2017, a Justiça Federal começa a ouvir testemunhas do crime. Entre elas, o delegado Rodrigo Bozzeto, que conduziu a investigação na época e que resultou no indiciamento de cinco pessoas.
_ Em julho de 2018, os réus começaram a ser interrogados na Justiça.