A Polícia Civil localizou pelo menos quatro corpos enterrados em um cemitério clandestino no bairro Lomba do Pinheiro, na zona leste de Porto Alegre, nesta quarta-feira (18). Os restos mortais foram encontrados com a ajuda de um cão farejador do Corpo de Bombeiros, em um matagal que serviria como ponto de desova de cadáveres.
A delegada Caroline Bamberg Machado, titular da Delegacia de Investigação de Desaparecidos, responsável pela investigação, explicou que a operação foi desencadeada a partir de denúncias sobre a existência do cemitério. Segundo ela, desde janeiro deste ano, 351 ocorrências de desparecimentos foram registradas na Capital. A maioria dos desaparecidos eram homens.
— Nas investigações que fizemos em busca de localizar esses desaparecidos, vieram informações de que poderia haver um cemitério clandestino na Lomba do Pinheiro. Fomos até lá com a equipe dos bombeiros e conseguimos, com a ajuda deles, encontrar essas ossadas — conta a delegada.
Ela pontua que os corpos estavam enterrados em valas separadas em uma área de mata fechada, com diferentes acessos em uma zona afastada do bairro. Devido ao avançado estado de decomposição dos cadáveres, não foi possível identificar se eram homens ou mulheres.
As identidades das vítimas serão conhecidas somente após o laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP), que deve sair dentro de 30 dias. Conforme a delegada, após o resultado da perícia, as investigações serão remetidas à Delegacia de Homicídios da localidade de residência das vítimas.
A ação desta quarta-feira contou com o apoio da 2ª, 5ª e 6ª delegacias de Homicídio e Proteção à Pessoa de Porto Alegre e da Companhia Especial de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros. As buscas começaram às 10h e se estenderam ao longo da tarde.
Não é a primeira vez
Em 2019, a Polícia Civil localizou, também na zona leste da Capital, um local apontado como o maior cemitério clandestino do Rio Grande do Sul. Na área de mais de 250 mil metros quadrados no Alto Petrópolis, em uma das muitas entradas do Morro Santana, cerca de cem corpos foram localizados.
O local, ao lado da chamada Vila Esqueleto e perto do bairro Mario Quintana — um dos mais violentos da Capital —, teria sido transformado, anos antes, no tribunal de uma das maiores facções do Estado. Na área, desafetos, traidores do grupo e até pessoas que estavam em locais e momentos errados eram julgadas, executadas e, muitas vezes, esquartejadas vivas e enterradas no morro.