A juíza Cristiane Zardo decidiu nesta semana, mas ainda sem data marcada, que Denilson Rodrigues Ferreira, 40 anos, vai ser julgado pelo júri em Porto Alegre. No dia 2 de maio de 2021, ele simulou um assalto e esfaqueou nove vezes a ex-esposa em uma parada de ônibus na Avenida Teresópolis, zona sul de Porto Alegre.
Os golpes não foram fatais porque duas pessoas desceram de um coletivo e ajudaram a vítima. No mesmo dia, o homem foi preso em Balneário Pinhal, no Litoral Norte, após ter sido reconhecido por imagens de câmeras de segurança. Na ocasião, ele confessou o crime. A companheira dele foi detida dias depois do fato por ser apontada como cúmplice, mas a Justiça entendeu que os indícios da autoria dela são insuficientes e decidiu pela impronúncia, ou seja, descaracterizando a competência do júri para julgar o crime a qual a mulher foi acusada. Ela segue sendo julgada em processo separado.
No dia 18 de maio de 2021, pouco mais de duas semanas após ser atingida pelo ex-marido, a técnica de enfermagem Thais Hipólito, com 37 anos na época do crime, pediu à polícia para gravar um vídeo nas redes sociais como alerta a outras mulheres que sofrem de agressões. Ela esteve casada com o réu por 17 anos e teve três filhos com ele. O réu, que segue preso, responde por tentativa de feminicídio por motivo torpe e meio cruel, dificultando a defesa da vítima.
A Justiça ainda indeferiu pedido da defesa de Ferreira para que ele aguardasse pelo julgamento em liberdade. O advogado Mateus Marques, que atua como assistente de acusação neste caso, informa que a sentença de pronúncia reflete o que a instrução do processo confirmou. Segundo ele, que o acusado tinha a intenção de matar a vítima. GZH tenta contato com a defesa do réu.
Thaís teve ferimentos nas duas mãos, nas costas, em um dos braços, em um dos seios e no pescoço. Segundo entrevista da vítima à GZH, ela informou que sofria agressões mesmo depois de ter se separado do réu, no ano de 2018. Os delitos ocorriam quando o homem visitava os filhos que estavam sob a guarda de Thaís. Ela registrou ocorrência contra o ex-marido e teve medida protetiva que impedia Ferreira de se aproximar. No período, também recebia ligações frequentes da Brigada Militar. O procedimento não foi renovado e Thaís seguiu sofrendo agressões verbais, psicológicas e ameaças. Segundo ela, o réu não pagava pensão e fazia contato com a desculpa de se aproximar dos filhos.
Para comunicar casos de violência contra a mulher ligue para o telefone 180 do Governo Federal ou contate o Disque-Denúncia pelo 181. A Polícia Civil do Rio Grande do Sul também tem um Whatsapp para atendimento. O número é 051 98 444 06 06. Além disso, há os Centros de Referência da Mulher, delegacias especializadas, Defensoria Pública e Promotoria de Justiça, inclusive on-line, pelo site do Ministério Público.