Uma mulher de 39 anos foi presa no final da tarde desta segunda-feira (17) em Balneário Pinhal, no Litoral Norte, por suspeita de envolvimento em uma tentativa de feminicídio na manhã de 2 de maio, na zona sul de Porto Alegre. A presa é companheira de um homem de 37 anos que confessou ter dado nove facadas na ex-esposa em uma parada de ônibus no bairro Teresópolis. Imagens das câmeras de monitoramento da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) flagraram o momento do crime. Ele simulou um assalto para agredir a ex. O homem foi preso horas depois em Pinhal, e teve a prisão preventiva decretada.
A investigação apurou que a mulher tinha conhecimento das intenções do companheiro de matar a ex-esposa, aderiu à conduta dele, planejou detalhes do crime e depois escondeu e eliminou provas, atrapalhando as investigações. O homem confessou à polícia que tentou matar a vítima e que pretendia obter definitivamente a guarda dos três filhos. Também afirmou que a atual companheira tinha conhecimento do plano. A versão também foi corroborada pela mãe do preso.
Outra motivação apontada pela polícia é que a vítima tinha seguro de vida, do qual seus filhos eram beneficiários. A delegada adjunta da Deam, Marina Dillenburg, acredita que o crime foi premeditado de forma bastante detalhada pelo casal, que além da questão da guarda dos filhos, tinha motivação financeira para executar a ex-companheira.
Em pelo menos outras duas ocasiões antes do crime, o agressor esteve próximo de atacar a vítima. Após as agressões, a mulher foi encaminhada em estado grave para o Hospital de Pronto Socorro (HPS), ficou uma semana na UTI e depois foi transferida para o Hospital São Lucas da PUCRS, de onde teve alta no último sábado, dia 15. A vítima teve ferimentos no abdômen, nas costas, no seio, no braço e no pescoço. Quando ainda estava no hospital, gravou um vídeo, divulgado pela Polícia Civil, fazendo um apelo para que mulheres denunciem agressões:
— Sou vítima e sobrevivente de um atentado de feminicídio. Peço que todas que sofram algum tipo de agressão, verbal, psicológica, procure a polícia. Denuncie. Procure um posto de saúde, procure ajuda. Isso não é normal. Eles começam verbalmente e depois fisicamente. Nem todo mundo terá a mesma sorte que eu tive de estar viva — diz a vítima na gravação.
Ela está separada do homem há três anos. Havia registrado ocorrência contra ele três meses após romper a relação e teve medida protetiva por um período. Depois que o procedimento venceu, continuou sofrendo ameaças e violência verbal do ex-companheiro.
— Ele proferiu muitos golpes, tanto no abdômen, quanto na jugular dela. Apesar dessas ameaças que ficamos sabendo que ele vinha fazendo, a última vez que a vítima registrou ocorrência contra ele foi em 2018. Ela também não tinha medida protetiva. Destacamos a importância de que sejam realizadas as denúncias — afirma a delegada Jeiselaure de Souza, titular da Deam de Porto Alegre.