Nesta segunda-feira (21), Alexandra Dougokenski, 34 anos, retorna ao município de Planalto, no norte do RS, para ser julgada pelo assassinato do filho caçula. Rafael Mateus Winques, 11, foi morto por asfixia em maio de 2020. Seu corpo foi localizado 10 dias depois. O caso começou como um desaparecimento e acabou revelando um crime estarrecedor.
Atualmente, a mãe nega ter cometido o homicídio.
Relembre 11 momentos desde o sumiço do menino até a decisão de enviar a ré para júri:
15 de maio de 2020 – Desaparecimento
Em Planalto, às 9h, Alexandra Dougokenski procura o Conselho Tutelar e comunica o desaparecimento do caçula Rafael Mateus Winques, 11 anos. Afirma que menino sumiu de dentro de casa durante a noite. No mesmo dia, registra o caso na Polícia Civil. Buscas começam a mobilizar o município.
22 de maio de 2020 – Perícia
A casa onde Alexandra vivia com os dois filhos, na Rua Siqueira Campos, em Planalto, passa por perícia. São procurados vestígios de sangue, com uso de luminol. Veículos de familiares também são periciados, mas nada é encontrado. Ao mesmo tempo, seguem realizadas buscas ao menino, com divulgação de cartazes e procura em matagais.
25 de maio de 2020 – Confissão e prisão
Alexandra confessa à Polícia Civil ter causado a morte do filho e indica o local onde está o corpo. O cadáver do menino é encontrado no fim da tarde, escondido em caixa de papelão na garagem de residência vizinha. A mãe alega ter matado o filho sem intenção, ao dar dois comprimidos de sedativo para ele dormir. No mesmo dia, tem prisão temporária decretada.
26 de maio de 2020 – Asfixia
Um dia após o corpo de Rafael ser encontrado, a perícia confirma que o garoto foi morto por estrangulamento. Quando foi achado, cadáver tinha corda de varal presa ao pescoço. A perícia contraria a versão apresentada pela mãe até então de que a morte foi acidental. No mesmo dia, corpo de menino é sepultado no Cemitério Municipal.
18 de junho de 2020 – Reconstituição do crime
Alexandra retorna a Planalto para participar da reconstituição da morte do filho. Boneco, em peso e altura semelhante ao menino, é utilizado na perícia. O objetivo é entender se o crime pode ter acontecido como narra a investigada.
27 de junho de 2020 – Uso de corda
— Mesmo com remédio, ele não dormiu. Aí, acabei fazendo o que fiz — teria dito.
Esse interrogatório não poderá ser usado no júri porque a Justiça acatou pedindo da defesa, que alegou que Alexandra estava debilitada, e a ré alega ter sido coagida.
2 de julho de 2020 – Fim da investigação
Polícia conclui investigação sobre o caso e indicia Alexandra pelo assassinato do filho, com três qualificadoras, além de ocultação de cadáver e falsidade ideológica (por ter registrado falta ocorrência de desaparecimento do menino).
10 de julho de 2020 – Denúncia
O Ministério Público denuncia a mãe de Rafael por homicídio doloso com quatro qualificadoras: motivo torpe, motivo fútil, asfixia, e dissimulação e recurso que impossibilitou defesa da vítima. A Promotoria entendeu que Rafael foi morto enquanto estava dormindo, por não ter sinais de reação. Alexandra é denunciada também por ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual (a última por ter alterado um calendário sinalizando a data na qual Rafael desapareceu).
13 de julho de 2020 – Torna-se ré
O Tribunal de Justiça do RS aceita a denúncia movida pelo Ministério Público contra Alexandra. Na decisão, a magistrada também converte a prisão temporária de Alexandra em preventiva, sem prazo estabelecido para expirar.
18 de dezembro de 2020 – Interrogatório na Justiça
À Justiça, Alexandra acusa o ex-marido Rodrigo Winques, pai de Rafael, de ter sido o autor do crime. Alega ter encoberto a morte por medo de represálias ao outro filho. O pai chegou a ser investigado logo após o sumiço, mas polícia descartou possibilidade de envolvimento dele no crime. A apuração apontou que ele estava em Bento Gonçalves, na Serra, quando o filho desapareceu. É esta versão que Alexandra deve apresentar no júri em Planalto.
5 de março de 2021 – Decisão pelo júri
A juíza Marilene Parizotto Campagna, de Planalto, decide que Alexandra deve ser levado a júri. Em longo despacho, com mais de 80 páginas, determina que caberá ao Conselho de Sentença decidir o desfecho do caso. Na decisão, a juíza também nega pedido de soltura formulado pela defesa da ré.