A Comarca de Planalto, no norte do RS, determinou que Alexandra Dougokenski, ré pela morte do filho Rafael Winques, 11 anos, será levada ao Tribunal do Júri. A sentença de pronúncia foi proferida nesta sexta-feira (5), pela juíza Marilene Campagna Parizotto. Ainda não há data marcada para o julgamento.
"Em razão da tese acusatória encontrar sustentação nas provas produzidas, caberá ao Conselho de Sentença a decisão acerca do mérito dos fatos descritos na denúncia", disse a magistrada no despacho, que possui mais de 80 páginas. A peça de acusação é do Ministério Público.
O menino foi morto em maio de 2020, quando Alexandra foi presa e encaminhada para a Penitenciaria Estadual Feminina de Guaíba, onde segue até hoje. No processo criminal que investiga a morte do garoto, ela responde por homicídio qualificado (motivo torpe, motivo fútil, meio cruel, dissimulação e recurso que dificultou a defesa) e outros três crimes conexos — ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual. São agravantes ainda os fatos do crime ter sido cometido contra menor de 14 anos (já que Rafael tinha 11 anos) e contra descendente.
Na decisão, a juíza também negou o pedido de soltura formulado pela defesa da ré.
O advogado Jean Severo, que representa Alexandra, afirmou que não irá recorrer da decisão pelo júri, por ter "convicção de que ela não foi a autora do homicídio" e que será absolvida.
Na fase do inquérito policial que apurou as circunstâncias do assassinato de Rafael, Alexandra participou, em junho de 2020, da reconstituição da morte do filho em Planalto. Na noite da reprodução, ela afirmou que o filho teria desmaiado após ingerir dois comprimidos de Diazepam e que ela teria usado uma corda para fazer o transporte do corpo do garoto entre a sua casa e a do vizinho. Dias depois, em depoimento no Palácio da Polícia, Alexandra mudou a versão e confessou que asfixiou o filho com uma corda por desobediência. Em uma audiência do processo criminal em dezembro, no entanto, Alexandra deu uma terceira explicação: negou que matou o filho e disse que o crime foi cometido pelo pai do menino, Rodrigo Winques, que mora em Bento Gonçalves.
Alexandra também é investigada pela morte do primeiro marido, José Dougokenski. Em janeiro, o Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS) acolheu um pedido do Ministério Público, que solicitou que a investigação sobre a morte fosse desarquivada pela Polícia Civil. Na época da morte de Dougokenski, que aconteceu em fevereiro de 2007, em Farroupilha, o caso foi tratado como suicídio. No entanto, o promotor Ronaldo Lara Resende mencionou, no pedido, semelhanças na forma como ele e Rafael morreram, a capacidade da mulher de "cometer crimes cruéis", além de citar uma testemunha a quem Alexandra teria contado que matou o então companheiro.
Na época desta decisão, a defesa de Alexandra afirmou que a perícia realizada pela IGP na época da morte foi "precisa" e que tem convicção de que o caso se trata de um suicídio.