A delegada titular de Restinga Seca, na Região Central, Elizabete Shimomura, manteve cautela e sigilo em quase todas as diligências sobre o caso envolvendo a adolescente Gabriela Ferreira Glasenapp, 15 anos, que ficou 18 dias desaparecida e foi encontrada morta na quinta-feira (2). Contudo, em entrevista coletiva nesta sexta (3), a delegada afirmou que há convicção de que o assassinato tem relação com o tráfico de drogas.
— Desde o início a gente percebeu que essa ocorrência, inicialmente de desaparecimento, tinha como pano de fundo o tráfico de entorpecentes — disse Elizabete.
No entanto, a polícia ainda investiga o motivo específico que levou à morte da adolescente. Um suposto envolvimento da vítima com uma facção da Região Metropolitana não está descartado.
Gabriela fez o último contato com a família no dia 14 de novembro. Naquele domingo, por volta das 17h, uma ligação do celular dela foi feita para a mãe, Juvercina Glasenapp, 41 anos. Na linha, um homem e ao menos duas mulheres afirmaram que Gabriela — que também estava na ligação, segundo a mãe — tinha uma dívida que precisava ser quitada.
A mãe da adolescente afirma que fez um pagamento via Pix de R$ 450 pela suposta dívida cobrada pelo trio. Depois disso, no entanto, não conseguiu mais contato com a filha.
O corpo de Gabriela foi encontrado em uma região de mata na Vila Pelizaro, ainda no perímetro urbano de Restinga Seca, enterrado a uma profundidade de aproximadamente 30 centímetros. Na quinta, o delegado regional da Polícia Civil Sandro Meinerz afirmou que só foi possível chegar à área após análise de centenas de câmeras de segurança da cidade.
A delegacia de Restinga Seca contou com o reforço de três policiais de delegacias de Santa Maria para ajudar na investigação. Foi um desses agentes, que ficou dedicado à análise de imagens, que encontrou uma câmera que registrou a adolescente sendo levada a pé ao local.
Presos na investigação
Em diligências na mesma semana do desaparecimento, policiais cumpriram mandado de busca e apreensão em uma casa no bairro São Luiz, em Restinga Seca, onde a jovem poderia ter estado antes de desaparecer, conforme a investigação. Na residência, nenhum vestígio foi encontrado, mas foram localizadas porções de cocaína e crack.
Quatro pessoas foram presas na ocasião: um homem de 35 anos que tem antecedentes por homicídio e roubo e estava foragido, e outro homem e duas mulheres, detidos em flagrante por tráfico de drogas. As quatros pessoas negam envolvimento no desaparecimento da jovem. Em um primeiro momento, a Polícia Civil afirma que não são as mesmas pessoas que aparecem no vídeo levando a adolescente para o local onde o corpo foi encontrado.