Em frente à guarita 134, dois soldados dos Bombeiros de Tramandaí mantinham os olhos atentos ao mar. A dupla faz parte da equipe que está fazendo uma varredura na orla do Litoral Norte em busca do corpo do menino Miguel dos Santos Rodrigues, sete anos, desaparecido em Imbé. A mãe, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, 26 anos, está presa, após confessar ter matado a criança. A companheira dela, Bruna Nathiele Porto da Rosa, 23 anos, também foi detida.
Pai de uma menina também de sete anos, o soldado Gabriel Almeida, 37, operava um drone durante esta manhã na orla de Imbé. O bombeiro, há 11 anos na corporação, está preparado para entrar na água gelada, caso algo suspeito seja avistado no mar.
- A gente como pai sente muito. Fica com esse duplo sentimento, quer achar, mas também sabe que vai ser muito difícil quando isso acontecer - diz.
Ao lado dele, a soldado Fernanda dos Santos Pinto, 37, utiliza um monóculo para observar qualquer movimentação estranha na água. O equipamento portátil que tem alcance de 1,2 quilômetro.
- Estamos acostumados a muitas vezes, durante salvamentos, vermos as mães desesperadas porque o filho está se afogando. Aqui é um sentimento muito diferente. É muito triste - afirma.
As buscas nesta segunda-feira estão concentradas por terra. A suspeita é de que o corpo possa já ter sido arrastado para o mar. Os bombeiros de Capão da Canoa, Torres e Tramandaí participam da operação de buscas.
Pescadores atentos
As buscas foram realizadas em frente à guarita 134, em Imbé, porque no local um pescador encontrou mais cedo um par de chinelos tamanho 34. A Brigada Militar foi acionada e apreendeu o calçado — que, segundo o delegado Antônio Carlos Ractz Júnior, há possibilidade de ser do menino.
O chinelo foi localizado por Douglas Macedo da Silva, 32, que estava pescando tainha com uma tarrafa. O par de calçado ficou preso à rede.
- É um caso que mexe com todo mundo. Que choca - diz o pescador.
Os bombeiros contam justamente com o auxílio dos pescadores para repassar informações. No Rio Tramandaí, nos últimos dias, foram realizadas buscas com embarcações e mergulhadores. Novas buscas no local só serão retomadas caso algo suspeito seja encontrado.
- A maior probabilidade é de que esteja no mar. Mas não podemos descartar nenhuma hipótese - afirma o comandante dos bombeiros de Tramandaí, Elísio Lucrécio.
Por volta das 14h, os bombeiros voltaram a usar embarcação para fazer buscas na água. Dois bombeiros entraram pelo rio Tramandaí e seguiram em direção à Lagoa da Armazém. O drone também será usado no local para verificar os pontos de difícil acesso para a embarcação. No fim da tarde, uma nova varredura deve ser feita na orla.