Em depoimento realizado neste domingo (1º) à Polícia Civil, a companheira da mãe de Miguel dos Santos Rodrigues, desaparecido em Tramandaí, no Litoral Norte, relatou os últimos momentos que teve contato com a criança. GZH teve acesso ao documento, onde Bruna Nathiele Porto da Rosa afirmou que a companheira, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, fez tudo sozinha.
No depoimento, a madrasta do menino conta que, horas antes do ocorrido, a companheira havia agredido a criança durante o banho com chutes, socos, tapas e empurrões. Ela ainda teria arremessado o filho contra a parede e, no choque, um azulejo chegou a quebrar. A mulher, presa neste domingo, contou que a agressão ocorreu após o menino ter fingido alucinações para que a mãe o levasse para o banho. A madrasta afirmou que pediu para a companheira parar, mas ela teria dito "que o filho era dela e ela sabia o que estava fazendo".
Depois, a criança teria sido trancada no guarda-roupa da pousada onde estavam hospedados. Quando ele saiu do local, as duas perceberam que o menino estava com toda a lateral direita do rosto até a orelha inchados. Além disso, o globo ocular estava roxo e enorme.
No dia seguinte, a companheira teria ido observar o filho no sofá e constatou que ele estava gelado. Ela, então, teria colocado mais cobertas no menino e tentado alimentá-lo com leite em uma seringa, mas não conseguiu. Ainda segundo a madrasta, durante todo o dia a parceira tentou alimentar a criança que não aceitou. A mãe teria ministrado, em dois momentos, Fluoxetina para o menino.
Já no final da noite, a mulher relatou que companheira teria ido novamente ver o filho e voltou dizendo "ele está sem respirar, olhos não estão sem mexendo, está morto!". Instantes depois, a mãe teria dito a companheira que estava no sofá do quarto: "fica aí que eu vou fazer tudo".
A madrasta afirmou à polícia que ouviu "estalos" que seriam dos ossos do menino sendo quebrados. Ela disse que viu a apenas o pé da criança e que, logo depois, recebeu ordens da companheira para irem levar o corpo até o rio.
"Ela quebrou as mãos, pés, braços, joelhos e pernas para que a criança coubesse na mala", afirmou.
Na Barra de Imbé, a mãe do menino teria aberto a mala e virado na água, sem colocar qualquer peso para que o mesmo afundasse. Já no dia seguinte ao ocorrido, a mãe do menino teria desmontado o guarda-roupa onde o menino era mantido preso e, segundo ela, poderia ter provas de que a criança era mantida em cativeiro.
A madrasta do menino afirmou ao delegado Antônio Carlos Ractz que sofria ameaças da companheira, que tentou sair do relacionamento algumas vezes e que, inclusive sofria agressões físicas. A mulher disse ainda ser constantemente agredida, mesmo tendo um porte físico maior que a parceira, e que havia uma disputa entre a mãe e o filho.
A prisão da companheira da mãe do menino foi decretada na tarde deste domingo. O laudo psiquiátrico solicitado pela polícia confirmou que ela sofre de um leve grau de autismo, o que não impede de a mesma ser responsabilizada.