Condenado a 27 anos de prisão como um dos autores do assassinato do ex-secretário de Saúde de Porto Alegre Eliseu Santos, ocorrido em 2010, Fernando Junior Treib Krol se encontra foragido.
Ele estava em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, desde abril do ano passado, sob a alegação de fazer parte do grupo de risco do coronavírus. Na quinta-feira (25), rompeu o equipamento e não foi mais localizado pelas autoridades.
Krol obteve o benefício com base na recomendação 62/2020 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que admitiu a possibilidade de liberação da cadeia dos detentos que se encontrassem em situação de maior vulnerabilidade em relação à covid-19 como forma de reduzir o impacto da pandemia no sistema penitenciário.
A defesa de Krol, que tinha 31 anos naquele momento, apresentou um laudo médico indicando que ele sofreria de doenças respiratórias. A solicitação foi autorizada pela 1ª Vara de Execuções Criminais (VEC) de Porto Alegre.
Segundo informações da Secretaria da Administração Penitenciária (Seapen) do governo gaúcho, o apenado teria bloqueado o sinal da tornozeleira eletrônica no dia 16 deste mês, o que foi informado ao Judiciário. Em consequência disso, a Justiça emitiu um novo mandado de prisão contra o condenado pela morte de Eliseu Santos.
Segundo manifestação da Seapen, "no dia 25 de março, ao saber do mandado, o apenado fez o rompimento doloso do dispositivo e está foragido". O assassinato do ex-secretário da Saúde da Capital foi um dos crimes mais rumorosos das últimas décadas na cidade.
Relembre o caso
Então secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos foi assassinado em fevereiro de 2010, no bairro Floresta. O crime ocorreu quando ele saía de um culto religioso acompanhado da esposa, Denise, e da filha, então com sete anos. Santos portava uma pistola e chegou a ferir um dos criminosos, mas, atingido por dois tiros, morreu instantes depois.
Ao todo, 12 pessoas foram acusadas de envolvimento com o crime. Até agora, duas acabaram condenadas por participação direta na execução: além de Fernando Junior Treib Krol, foi preso Eliseu Pompeu Gomes. Krol cumpre pena até 2044, e Gomes, condenado em outros crimes, tem penas que somam 77 anos, até 2091.
Outros réus iriam a júri no ano passado, mas o julgamento acabou adiado em razão da pandemia — a fim de evitar aglomerações por se tratar de um processo de grande repercussão e alto número de testemunhas.
A motivação do crime gerou divergência entre Polícia Civil e Ministério Público. A polícia concluiu que o crime se tratava de um latrocínio. No entanto, o MP entendeu que o ex-secretário fora vítima de um complô para matá-lo. Os diferentes entendimentos causaram polêmica entre as duas instituições na época.