Um gaúcho de 29 anos, natural de Passo Fundo, foi preso neste domingo (14) em Canasvieiras, praia de Florianópolis, em Santa Catarina. Ele integra um grupo de estelionatários que há anos aplica o golpe do bilhete premiado em parte do país. O suspeito, que já tem indiciamentos e condenações, tinha mandado de prisão em cinco Estados.
Segundo o delegado Diogo Ferreira, da Delegacia de Repressão de Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Passo Fundo, o investigado era procurado pelas polícias do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraíba, Sergipe e Espírito Santo. Ele foi localizado na praia catarinense depois de várias ações em conjunto da Draco com a Polícia Militar de SC. O nome do criminoso não foi divulgado. Ele foi conduzido para a região norte do Estado para prestar depoimento.
— A gente apurou que eles agiram aqui na cidade (Passo Fundo) há anos, depois foram para o interior gaúcho, outros Estados do Sul, Sudeste e agora também nordeste brasileiro — diz Ferreira.
A partir de Passo Fundo
Ferreira diz que o grupo de estelionatários de Passo Fundo tem vários antecedentes criminais envolvendo o golpe do bilhete. Somente em 10 inquéritos, mais de 250 golpistas do norte gaúcho foram indiciados. Em um deles, um Chevrolet Camaro foi apreendido com os suspeitos e, depois, a Justiça passou o veículo para a Polícia Civil usar em operações. Os mesmos investigados também foram apontados em inquéritos de lavagem de dinheiro por já terem movimentado cerca de R$ 55 milhões nos últimos anos.
Como funciona o golpe do bilhete premiado
A forma mais comum de abordagem é aquela em que um estelionatário se aproxima de uma vítima perto de bancos ou praças. Os alvos principais dos bandidos são pessoas idosas ou que aparentem boa situação financeira. O criminoso se passa por uma pessoa pobre e analfabeta, e pergunta para a vítima, inicialmente, onde fica a agência da Caixa Econômica Federal mais próxima, porque tem um bilhete premiado e precisa trocá-lo.
Em seguida, um segundo estelionatário se aproxima. Com roupas sociais, se oferece para ajudar o outro criminoso, simulando uma ligação telefônica para o banco. Na sequência, surge o terceiro criminoso, que se apresenta como funcionário da Caixa. A partir daí, há a confirmação com o telefone no viva voz, de forma que a vítima possa ouvir, dos números sorteados e do valor do falso prêmio.
O bancário informa a documentação e condições para sacar o dinheiro. Depois disso, o primeiro estelionatário — que aparenta ser pouco instruído — diz não ter documentos e pede ajuda à vítima e ao comparsa para receber o prêmio. Ele promete repartir o dinheiro com quem auxiliar — mas exige uma quantia financeira antecipada para garantir que não seja "roubado" pelas pessoas que o estão ajudando.
Seduzida pela possibilidade de receber parte do prêmio, a vítima se oferece para comprar o bilhete e é levada até uma agência bancária para sacar um valor estipulado e dar como garantia. Após a vítima entregar a quantia em espécie, os criminosos desaparecem e o golpe é concluído. Em alguns casos, a vítima até percebe que pode ser um golpe, mas é ameaçada psicologicamente pela quadrilha.