A Polícia Civil gaúcha prendeu na manhã deste sábado (28), em Passo Fundo, no norte do Estado, um estelionatário investigado por aplicar o golpe do bilhete premiado em várias partes do país. A prisão preventiva ocorreu porque o homem é suspeito de ter lesado uma idosa no ano passado em Vitória, capital do Espírito Santo, em R$ 90 mil.
Um criminoso, que não teve o nome divulgado, foi detido, apesar de não ter sido em flagrante, porque em Passo Fundo não há eleição. Ele foi localizado no bairro Vera Cruz. Segundo a Polícia Civil, o investigado estava sendo procurado desde agosto do ano passado. Além dele, há dois comparsas identificados, um homem e uma mulher, mas que ainda não foram presos. O delegado Diogo Ferreira, da Delegacia de Repressão de Ações Criminosas Organizadas (Draco), diz que todos eles têm vários antecedentes criminais por estelionato e integram uma organização criminosa que, a partir de Passo Fundo, tem aplicado o golpe do bilhete premiado na região há vários anos.
O grupo expandiu o local de atuação, passando primeiro a agir em todo o Estado e depois, nos últimos anos, nos demais Estados do Sul e do Sudeste brasileiro. Somente em 10 inquéritos, mais de 250 golpistas do norte gaúcho foram indiciados. Em um deles, um Chevrolet Camaro foi apreendido com os suspeitos e depois a Justiça passou o veículo para a Polícia Civil usar em ações. O mesmo grupo criminoso também é investigado por lavagem de dinheiro por já ter movimentado cerca de R$ 55 milhões nos últimos anos.
Como funciona o golpe do bilhete premiado
A forma mais comum de abordagem é aquela em que um primeiro estelionatário se aproxima de uma vítima perto de bancos ou praças. Os alvos principais dos bandidos são pessoas idosas ou que aparentem boa situação financeira. O criminoso se passa por uma pessoa pobre e analfabeta, e pergunta inicialmente onde fica a agência da Caixa Econômica Federal mais próxima porque tem um bilhete premiado e precisa trocá-lo.
Em seguida, um segundo estelionatário chega. Ele sempre usa roupas sociais e se oferece para ajudar, simulando um telefonema para o banco. Na sequência, surge o terceiro criminoso, que se apresenta como funcionário da Caixa. A partir daí, há a confirmação com o telefone no viva voz, de forma que a vítima possa ouvir, dos números sorteados e do valor do falso prêmio.
O bancário informa a documentação e condições para sacar o dinheiro. Depois disso, o primeiro estelionatário — que aparenta ser pouco instruído — diz não ter documentos e pede ajuda à vítima e ao comparsa para receber o prêmio. Ele promete repartir o dinheiro com quem auxiliar — mas exige uma quantia financeira antecipada para garantir que não seria "roubado" pelas pessoas que o estão ajudando.
Seduzida pela possibilidade de receber parte do prêmio, a vítima se oferece para comprar o bilhete e é levada até uma agência bancária para sacar um valor estipulado e dar como garantia. Após a vítima entregar a quantia em espécie, os criminosos desaparecem e o golpe é concluído. Em alguns casos, a vítima até percebe que pode ser um golpe, mas é ameaçada psicologicamente pela quadrilha.