Um estelionatário foi preso na manhã desta terça-feira (10), em São Leopoldo, no Vale do Sinos, por aplicar o chamado golpe do envelope vazio. Ele usava perfis falsos para comprar e vender produtos e enviava depósitos falsos após o fim do horário bancário.
No caso de compra do material, ele chegava a ir até um caixa eletrônico e, por exemplo, colocava em envelopes notas de apenas R$ 2 como se fosse um valor maior. A vítima, desavisada, enviava a encomenda aguardando compensação no dia posterior, mas não recebia valor algum ou recebia apenas notas de pequeno valor — e ainda ficava sem qualquer tipo de contato ou informação do criminoso.
Há cerca de dois meses, após um golpe registrado em Esteio, a situação mudou e a Polícia Civil passou a rastrear os passos do investigado. Após confirmar um número considerado de vítimas, pelo menos 20 pessoas, a Delegacia de Esteio obteve mandado judicial de prisão e de busca.
Na manhã desta terça-feira, os agentes cumpriram as ordens judicias e realizaram a prisão preventiva do homem. Durante as buscas, foram apreendidos com ele R$ 17 mil, dinheiro que será apuado se foi obtido de alguma vítima. O nome dele não foi divulgado, e a delegada Clarissa Demartini, responsável pela prisão, acredita que possa ter mais pessoas lesadas.
— Ele aplicava de um a três golpes por semana neste período de investigação. O criminoso preso, no caso de compra de um bem, ainda mandava a vítima entregar a mercadoria para um motorista de aplicativo, conseguindo manter uma maior discrição na aplicação do golpe — diz Clarissa.
Denúncias sobre este caso podem ser feitas nos seguintes contatos: (51) 3425 9056, (51) 984590259 e www.pc.rs.gov.br.
Golpe
O diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, delegado Mario Souza, diz que o golpe consistia em usar perfis fakes nas redes sociais e em plataformas de venda de produtos para vender, mas também para comprar materiais. Depois de efetuado o negócio, o estelionatário encaminhava por WhatsApp falsos comprovantes de depósitos e sempre após o horário bancário.
O preso justificava algum atraso, mas na verdade estava ganhando tempo para passar das 16h e dizer que o valor depositado — na verdade não havia depósito — iria compensar no outro dia. Assim, ele adquiria produtos e não pagava.
Na questão da compra de materiais, o criminoso, por exemplo, adquiria um produto de R$ 2 mil e chegava a ir até um caixa eletrônico. Mas, ao invés de colocar 20 notas de R$ 100 em envelopes bancários, ele colocava 20 notas de R$ 2.
Souza diz que a tática era dificultar a identificação do golpe e ganhar tempo. A vítima, pensando que estava com dinheiro, mas sem olhar o valor no seu extrato bancário, enviava o produto pelos Correios e só depois via que tinha caído em um golpe. O pior de tudo é que tentava encontrar o suposto vendedor e, em muitas vezes, o perfil havia sido apagado. Em outros casos, não obtinha reposta.
Souza destaca que o nome "Golpe do Envelope Vazio", apesar de haver hoje transferências eletrônicas, se dá pelo fato de que há alguns anos os depósitos eram apenas por envelope em caixas eletrônicos. O delegado alerta:
Como evitar
- Fazer compras com empresas conceituadas
- Conferir e checar nomes, dados e contatos,
- Buscar informações sobre comprador e vendedor, em alguns casos nas próprias plataformas
- Sempre aguardar confirmação da transação eletrônica
- Desconfiar de valores abaixo do preço de mercado
- Sempre notificar a polícia