O Ministério Público (MP) informou, nesta segunda-feira (20), que denunciou 40 estelionatários de Passo Fundo, no norte do Estado, envolvidos em vários golpes do bilhete premiado. As ações ocorreram desde 2019 e são referentes a delitos cometidos nos últimos sete anos.
A Polícia Civil, que na semana passada prendeu na região seis criminosos relacionados a esse fato, já investigou mais de 400 integrantes de várias grupos, com 250 indiciamentos. O grupo de Passo Fundo, que atua em vários estados desde a década passada, teve patrimônio avaliado em R$ 55 milhões, sendo a maior parte bloqueada pela Justiça.
Por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Passo Fundo, em uma das denúncias, oferecida em 2020, 13 homens e quatro mulheres se tornaram réus por promoverem, constituírem, financiarem e integrarem organização criminosa voltada à prática de crimes de estelionato e lavagem de dinheiro na cidade e em outros municípios. O promotor Diego Mendes de Lima diz que uma das acusadas cometia os delitos em parceria com sua mãe.
— Os pequenos grupos passaram a se interligar e saíram da região para outras no Rio Grande do Sul, mas todos vinculados a Passo Fundo. Depois se estenderam para Santa Catarina, Paraná, entre outros — explica Lima.
Os criminosos usaram os valores obtidos com o golpe do bilhete para lavar dinheiro. O titular da Delegacia de Repressão de Ações Criminosas Organizadas (Draco), de Passo Fundo, delegado Diogo Ferreira, é responsável por boa parte das investigações inciais sobre um grande grupo que age desde o início dos anos 2000.
Segundo ele, já foram realizadas grandes operações contra esta organização criminosa. Uma delas foi há dois anos, quando mais de 400 policiais cumpriram cerca de 120 mandados de busca. Na ocasião, foram apreendidos jet skis e um veículo Chevrolet Camaro de cor amarela e avaliado em mais de R$ 130 mil. O carro está sendo usado pela polícia em ações contra criminosos.
Ferreira levantou dados que apontam movimentação financeira estimada em mais de R$ 55 milhões por parte dos cerca de 400 investigados. Além das regiões citadas pelo MP, a quadrilha agiu também no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Nos últimos anos, estava atuando em Estados do Centro-Oeste. Na operação deflagrada sexta-feira passada (17), 12 criminosos foram investigados, sendo seis presos e outros dois apontados no inquérito já estavam no sistema prisional.
— A investigação da lavagem de dinheiro é o que pode frear a ação desses criminosos e por isso reunimos o máximo de provas por meio de análise bancária e movimentação financeira, boa parte em nome de terceiros — ressalta Ferreira.