O advogado Jean Severo, que defende Alexandra Dougokenski, mãe do menino Rafael Winques, deu mais detalhes a respeito da tese da defesa em entrevista à Rádio Gaúcha, neste domingo (31). Ele afirmou que a mulher era uma boa mãe e que a falta de motivação do crime evidencia um crime culposo, sem a intenção de matar.
— Uma mulher com uma vida correta, uma mãe amorosa, de dois filhos. Ela era mãe e pai dos dois: o pai do Rafael nem pensão pagava. Eu fico pensando que uma moça dessas não acordaria de manhã pensando “hoje vou matar meu pequeno”. Isso não existe. Acontece que ela viu de forma negligente e imprudente, que são elementos da culpa. E aí precisamos lidar com técnica jurídica — reiterou.
A defesa sustenta que Alexandra matou Rafael ao medicar o menino com diazepam. A intenção da mulher era, de acordo com Jean, acalmá-lo porque ele ficava muito tempo jogando.
— Ele jogava Free Fire, era espetacular no jogo, só que jogava madrugada a dentro. Ele tinha enxaqueca crônica e ela ficava monitorando. Quando ela viu que a situação tava se agravando, ela teve a ideia de dar dois comprimidos pequenos, que ela dava pro irmão esquizofrênico, e quis dar para ele para quando ele não largasse o celular e ficasse revoltado. Tomasse o remédio e depois conversasse com a mãe. O dolo dela foi fazer o menino dormir, não matar.
A tese vai na contramão do que a perícia adiantou, de que Rafael morreu por asfixia. De acordo com o advogado, a polícia agiu precipitadamente.
— Achei precipitado por parte da autoridade policial. Não tem laudo pericial ainda. Não informaram que ele tinha amarras nos pés, não só do pescoço. Por que isso? Pra facilitar a ocultação e transporte do cadáver.
A ocultação do cadáver na casa do vizinho se deu, de acordo com a defesa, porque Alexandra sentiu vergonha pelo outro filho, Anderson.
— A ideia é que iriam achar no outro dia e a verdade viria a tona.
Jean, que trabalha pro bono para Alexandra e também atuou no caso Bernardo, afirmou que os casos não tem semelhança.
— Eu acredito nela e vou defendê-la até o fim. Esse processo não tem nada a ver com o caso Bernardo, porque no caso Bernardo nós tínhamos uma motivação, por que a madrasta odiava o menino. Neste caso, vemos que era uma mãe amorosa, mãe leoa. A comparação com o caso (Bernardo) é absurda, não tem nada a ver.