O delegado do município de Planalto, Ercílio Carletti, disse que desde que a mãe de Rafael Mateus Winques, 11 anos, Alexandra Dougokenski, de 32 anos, confessou ter matado o filho por acidente ao dar uma alta dosagem de calmante a ele, achou que a versão não coincidia com o que era apurado. Um dos pontos foi o fato de o corpo estar com uma corda no pescoço ao ser encontrado em uma casa próxima à que a família morava, na cidade do Norte, no fim da tarde de segunda-feira (25).
— Isso me motivou a pedir a prisão temporária dela por homicídio qualificado. Indiciariamente, não se trataria de homicídio culposo, mas de homicídio doloso, com qualificadoras, inclusive — disse o delegado em entrevista ao Gaúcha Mais.
O delegado reforçou que já há confirmação por parte do Instituto-Geral de Perícias (IGP) de que houve asfixia, mas que é preciso aguardar o laudo pericial para materializar esse fato no inquérito. Ele também não descarta a participação de mais gente no crime. Disse que ainda não há provas para confirmar que outra pessoa esteja envolvida, mas que existem indícios de que ela não teria cometido sozinha o homicídio.
— Isso vai depender das perícias do local, uma eventual reconstituição (do crime) para saber se a mãe tem condições de carregar o corpo. Eu dependo de outras diligências que ainda vão ser feitas — destaca.
O corpo do menino foi levado para uma casa que fica a cerca de cinco metros de onde a família morava, no mesmo terreno. A mulher diz ter transportado sozinha o filho. Ainda não se sabe se a vítima foi morta na própria residência ou se no local onde o corpo foi levado. O cadáver estava enrolado em um lençol, amarrado, com uma corda no pescoço e um saco plástico na cabeça. O delegado adianta que vai confrontar a mãe com a versão de que o menino foi morto por esganadura e não por alta dosagem de remédio, como ela sustenta.
— De repente ela queira contar a história real do que aconteceu. Ela vai ser interrogada amanhã ou depois.
Carletti diz que há muito material para ser analisado e que isso já está ocorrendo. O delegado enfatizou que todos os álibis apresentados pelos suspeitos serão conferidos. O policial explicou que o irmão da vítima, um adolescente de 16 anos, será ouvido novamente. Ele disse que não escutou nada na noite em que a mãe afirma ter matado Rafael e levado o corpo até a casa vizinha. O delegado adianta, no entanto, que o depoimento, pelo fato de ele ser adolescente, será diferenciado, não realizado na delegacia.
Os relatos que chegaram para a investigação, segundo o delegado, são de que a relação familiar era boa e que um dos pontos centrais é entender o que motivou esse assassinato.
— Não havia nenhum histórico de violência do casal em relação aos filhos. Não tinha maus-tratos — relata.
O momento da confissão
O delegado diz que a confissão da mãe foi demorada. Surgiu em uma conversa e não aconteceu durante o interrogatório, mas em um diálogo informal na delegacia. Carletti conta que chegou um momento em que percebeu que ela queria desabafar.
— E foi o momento que ela acabou revelando que teria medicado o filho e, quando retornou ao quarto, ele já estaria morto. E que na sequência, de madrugada, teria enrolado o menino numa manta, numa roupa de cama, e amarrado, como se fosse um suporte, para poder carregá-lo.
O policial recorda que assim que ela confessou onde estaria o corpo, já se deslocou para o local e encontrou a vítima.