O sábado (8) foi de protesto na Vila Maria da Conceição, zona leste de Porto Alegre. Por volta de 10h30min, moradores dos becos que dão acesso a Rua Paulinho Azurenha fecharam a via por alguns instantes, com o objetivo de expor o medo que é sentido na região. No último domingo (2), o bebê Emanuel Alessandro Costa dos Santos, de um ano e dois meses, foi morto com um tiro disparado por criminosos que buscavam vingança por outro confronto, ocorrido na véspera, quando dois integrantes de uma facção foram executados. Emanuel estava no colo da mãe.
- Quero que os meus filhos possam ir pra escola em paz. Olha aqui, quanta criança tem. E se todos fossem mortos? E se eu fosse morta e deixasse meus filhos sem mãe? - questionava a serviços gerais Lanucha Domingues, 30 anos.
Segurança, justiça e paz foram as palavras mais repetidas em gritos da manifestação ou expostas em cartazes carregados por crianças do bairro. O barulho de colheres de pau batidas contra panelas só era abafado pelo silêncio do luto de quem conheceu a vítima.
Além de Emanuel, outras quatro pessoas foram baleadas, nenhuma com antecedentes criminais. Jossana Carolina Domingues, 22 anos, estava com os três filhos no protesto, assim como no dia em que ela levou dois tiros, na nádega e na perna esquerda.
- A gente tava sentado e as crianças brincando. Parou um carro e começou a atirar em nós. Eu cai em cima dos meus filhos, e todo mundo dizendo que tinha criança, mas eles não pararam - afirma, apoiada em um par de muletas para se locomover após os ferimentos.
Revoltada, a frentista Elisangela Martins dos Santos, 32 anos, se juntou a manifestação mesmo após uma noite de plantão.
- Todo dia eu rezo pra sair e chegar viva em casa - definiu.
Segundo a investigação, os atiradores seriam de uma facção que atua no bairro Jardim Carvalho.