Além da preocupação com investigações de crimes na cidade, os policiais civis de Santa Maria têm outra tarefa inserida na rotina das 11 delegacias: a limpeza. Devido ao rompimento do contrato da Polícia Civil com a empresa DH Soluções, os locais estão sem o serviço desde o dia 26 de novembro. A empresa já foi tema de reportagens do Grupo de Investigação da RBS.
Devido a atrasos de salário e falta de apresentação de documentos por parte da empresa, a administração da instituição resolveu romper o vínculo. Com isso, os policiais encontraram duas alternativas: limpar as delegacias por conta própria ou fazer uma vaquinha para pagar uma faxina. Os policiais relatam que a situação está complicada nos locais.
– A situação está horrível, muito ruim. Voltamos no final do ano e a delegacia estava podre, extremamente podre. Até tínhamos pensado em interditar o prédio, porque não tinha condições, os banheiros estavam com um cheiro insuportável de urina, estava impossível de trabalhar. Então, tivemos de limpar – conta um policial, que pediu para não ter seu nome publicado.
Alguns apelam para a solidariedade de todos os colegas e organizam vaquinhas para que uma pessoa seja contratada para fazer a limpeza.
– Infelizmente chegamos a esse ponto de fazer a vaquinha. Enquanto a situação não se resolver, nós teremos que seguir fazendo. Com dias sem limpeza, por mais cuidado que cada um tenha, fazendo o seu papel, o ambiente se torna insalubre, não só para quem trabalha na delegacia, mas também para o público que é atendido diariamente. É uma situação de constrangimento para os policiais ter que atender o público nessas condições na delegacia – complementa outro policial que também pediu para ter a identidade preservada para não haver mal-estar com outros colegas.
A situação que mais preocupa é a da Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA), onde há maior movimento, já que é o local em que as pessoas vão para registrar todo tipo de ocorrência policial. Além disso, também é onde os criminosos presos são encaminhados até serem levados para as casas prisionais.
– Estou há mais de 20 anos na DPPA, e essa é uma novela que se arrasta há tempos, mas de alguns meses para cá, se agravou. O problema lá é esse diferencial da DPPA, que tem um fluxo maior de pessoas e também por ter as celas, que recebem os presos até serem encaminhados aos presídios. Nas celas, o problema é maior pela falta de higiene e de educação de muitos presos, que não colaboram. Na parte da frente, do atendimento ao público, a gente até consegue preservar em condições mínimas – relata o escrivão Gilberto da Rosa.
Sem previsão
Conforme o delegado titular da 3ª Delegacia de Polícia Regional, Sandro Meinerz, na DPPA uma detenta que trabalha na parte da limpeza no Presídio Regional de Santa Maria foi cedida pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) para fazer o trabalho no local duas vezes por semana. Ainda de acordo com Meinerz, um processo licitatório para contratação emergencial de uma empresa já está em andamento. Porém, não há previsão para a normalização do serviço.
GaúchaZH pediu informações à assessoria de imprensa da Polícia Civil sobre o estágio em que a licitação se encontra, mas não obteve retorno até a publicação dessa reportagem.
As ligações feitas para o número da empresa DH não foram atendidas.
Cobrança judicial
Conforme ex-funcionárias da DH em Santa Maria, a empresa assumiu o trabalho no dia 22 de setembro do ano passado. Em outubro, foram pagos os valores referentes aos dias trabalhados no mês anterior. No entanto, em novembro, o salário do mês de outubro e benefícios como vales transporte e alimentação não foram quitados. Por isso, no dia 26 de novembro, elas decidiram não ir mais trabalhar. Desde então, em ação na Justiça, elas tentam receber os valores.