A pastor belga malinois Bala tem sete anos, três de trabalho no Canil Central do 1º Batalhão de Polícia de Choque, e um currículo de dar inveja. Especialista em identificar bombas e componentes explosivos, foi a responsável por varreduras preventivas nos camarins e nos palcos do Paul McCartney, Slash, Shakira e Katy Perry.
— O cão farejador de explosivo tem de ser intenso e calmo. Não pode der um animal estabanado. No camarim do Paul, havia uma mesa de vidro com velas: a Bala entrou no local, investigou, fez o trabalho e saiu, sem derrubar nada, com foco — explica o sargento Gustavo Cabreira, 50 anos, que trabalha há 27 anos com cachorros que acompanham policiais.
Além de foco em identificação de entorpecentes e explosivos, os cães da BM são treinados para o patrulhamento — o que inclui policiamento ostensivo, jogos de futebol e eventos que reúnem multidões — e busca e captura de criminosos, usados especialmente para indivíduos em fuga em meio à mata. Neste caso, o condutor coleta o PDC (Partículas de Decomposição Celular) de algum material que o um suspeito possa ter deixado para trás, como um boné, coloca em um saco plástico e dá para o cachorro cheirar. A partir daí, o animal vai atrás do criminoso.
O cão farejador de explosivo tem de ser intenso e calmo. Não pode der um animal estabanado. No camarim do Paul, havia uma mesa de vidro com velas: a Bala entrou no local, investigou, fez o trabalho e saiu, sem derrubar nada, com foco
SARGENTO GUSTAVO CABREIRA
1º Batalhão de Polícia de Choque
Conduzido pelo soldado Eduardo Moraes, 45 anos, Dyaco, um pastor belga malinois de três anos, é especialista no faro de entorpecentes, armas e dólar. O cão que nasceu em Viamão já atuou em Brasília e em Foz do Iguaçu. O animal atende a comandos em francês e só age mediante a ordem do soldado Moraes. Neste caso, o idioma é usado por ter palavras curtas e com sonoridades distintas, e por ser uma língua que criminosos normalmente não entendem.
A maior parte dos 27 cães do Canil Central têm o chamado duplo emprego: faz patrulhamento e tem alguma habilidade para o faro. Comprados de criadores que garantam um pedigree de excelência, os animais chegam ao 1ºBPM ainda filhotes, com idade entre três meses e um ano, e começam a acompanhar o patrulhamento antes de receber o treinamento que lhe despertará futuras habilidades, fase que os policiais chamam de socialização.
— Nesse momento, já são apresentados a situações reais, têm contato com sons, ambientes e pessoas diferentes — afirma o sargento.
Um dos segredos do treinamento é tratar o cão de forma individual, o que desmistifica a ideia de que o militar é mais rude com seu cão. Em geral, cada PM tem seu próprio cão e trabalha sempre com o mesmo animal.
— O vínculo de amizade já é um grande segredo do adestrador. Por mais que tenhamos método de trabalho, a parceira que faz diferença. Cada um de nós tem um cão ou até mais de um. O que não acontece é um cão ter mais de um policial.
O vínculo fortalecido de tal forma que um cão não pode responder aos comandos de outro policial que não o seu condutor. Inclusive quando o PM sai em férias, em muitos casos, leva o animal junto, para que esse laço não seja desfeito. Todos os policiais que trabalham com cães são qualificados em um curso um Curso de Cinotecnia dado pela própria BM.
Roice, um pastor alemão cinza de três anos, conduzido pelo soldado Dim Anders Severo Soares, 35 anos, está sendo treinado para essa habilidade. O militar projeta que em um ano e meio Roice deve estar totalmente apto para buscar suspeitos em fuga. Enquanto se especializa, é usado para patrulhamento e visita a prisões.
1º Batalhão de Polícia de Choque da Brigada Militar
Dyaco, 3 anos
Raça: pastor belga malinois
Onde nasceu: Viamão
Especialidade: identificar drogas ilícitas, armas e dólar
Bala, 7 anos
Raça: pastor belga malinois
Onde nasceu: Gravataí
Especialidade: identificar explosivos
Roice, 3 anos
Raça: pastor alemão cinza
Onde nasceu: no canil central, em Porto Alegre
Especialidade: patrulhamento, busca e captura de criminosos