Bud é conhecido como o "nariz" mais rápido da Polícia Civil gaúcha. O labrador preto de cinco anos é agitado, rápido e preciso. Em 2018, o cão encontrou petecas de cocaína escondidas dentro de um bicho de pelúcia numa casa do Litoral Norte. Na manhã escaldante da última segunda-feira (30), durante uma demonstração das habilidades dos cães do Denarc, na zona norte de Porto Alegre, o policial André Vizeu pediu que a reportagem de GaúchaZH escondesse um tubo contendo entorpecentes em uma garagem com 30 veículos. O lugar foi escolhido longe do olhar do cão. Em dois minutos, o labrador que atua há três na corporação encontrou a droga escondida atrás de um pneu de caminhão.
Vizeu, 46 anos, é um dos dois responsáveis no Núcleo de Operações com cães do Denarc. No setor, realizam treinamento e cuidados de cinco animais — quatro machos e uma fêmea. Sempre acompanhado os condutores, a cachorrada atende demandas da Polícia Civil em todo o Estado.
Os cães policiais são chamados em situações específicas, quando há suspeita de que a droga está em locais de difícil acesso ou quando a investigação não tem certeza exato onde se encontra o entorpecente. O diretor do Denarc, delegado Vladimir Urach, afirma que os animais são usados em pontos onde o policial não terá acesso visual a droga, quando está escondida em portas, pneus e carros, por exemplo. Em 2011, um cão localizou crack escondido dentro do tubo de uma bicicleta:
Costumo dizer que somos o jogador que entra aos 44 minutos do segundo tempo, quando o time está perdendo, e tem de fazer dois gols para ganhar. É quando a situação é mais difícil.
ANDRÉ VIZEU
Policial integrante do Núcleo de Operações com cães do Denarc
— Costumo dizer que somos o jogador que entra aos 44 minutos do segundo tempo, quando o time está perdendo, e tem de fazer dois gols para ganhar. É quando a situação é mais difícil — compara Vizeu.
Os policiais trabalham para direcionar o instinto de caça dos animais à identificação do odor de drogas e componentes de explosivos. E não é qualquer cão que faz trabalho de faro. Ao longo do treinamento, que leva até um ano, o animal deve demonstrar resistência para busca, capacidade de distinção de odores e obediência ao policial condutor.
— Isso sem esquecer que o trabalho precisa ser prazeroso para o cão. Fizemos uma associação de odores como forma de brincadeira: se ele localiza esse odor, lhe dou uma bolinha. É um mito dizer que o cão é viciado. Ele não entra em contato direto com a droga _ destaca Vizeu.
Ao localizar a droga, o cão faz indicação ativa: late, raspa ou morde. Ao encontrar itens de artefatos explosivos, o Koda, um australian cattle dogs de sete anos, sinaliza de forma passiva: senta ou deita. O cão trabalhou fazendo varreduras em locais suspeitos na chegada do papa Francisco ao Rio de Janeiro, em 2013 e em campeonatos continentais como a Copa das Confederações, em 2018, e na Copa América, em 2019.
Em dezembro do ano passado, inclusive, o labrador marrom Scherlock localizou 18,5 quilos de cocaína pura escondida nas portas traseiras de uma Tucson, em São Leopoldo. A droga, segundo a apuração do Denarc, pertenceria a uma facção criminosa do Vale dos Sinos. Conforme o delegado Alencar Carraro, a quantidade apreendida renderia aproximadamente R$ 1,5 milhão.
Três cães do Denarc de Polícia Civil
Bud, 5 anos
Raça: labrador
Onde nasceu: Garibaldi
Especialidade: identificar narcóticos
Scherlock, 7 anos
Raça: labrador
Onde nasceu: Garibaldi
Especialidade: identificar narcóticos
Koda, 7 anos
Raça: australian cattle dogs
Onde nasceu: Porto Alegre
Especialidade: identificar artefatos explosivos