Com capacidade olfativa muito superior à humana, os cães são parceiros estratégicos de policiais civis, federais e militares na prevenção de delitos. Na companhia dos seus tutores, os animais farejam drogas e componentes explosivos com rapidez, além de auxiliar na busca de criminosos.
As características biológicas explicam a precisão dos fiéis escudeiros dos agentes da segurança pública. Conforme a médica veterinária Sandra Marques, que é pesquisadora da Faculdade de Veterinária da UFRGS, os cães têm capacidade olfativa 44 vezes superior a dos humanos.
— Nós temos uma faixa de 5 milhões de células olfativas e os cachorros têm em torno de 200 milhões. O olfato deles é muito poderoso e a capacidade de discernir cheiros também.
Para tentar entender como ocorre a seleção, o treinamento e o trabalho de um cão policial, GaúchaZH conheceu cachorros e os agentes que os acompanham na Polícia Federal, na Polícia Civil e no 1º Batalhão de Polícia de Choque (BP Choque) da Brigada Militar, todos em Porto Alegre.
Em comum, esses animais têm vínculo forte com seus policiais condutores, e alguns, inclusive, só se movimentam sob a ordem do seu guia e se deslocam sempre colados à perna esquerda do agente — o coldre com a arma fica no lado oposto. Em todos os canis, são tratados exclusivamente com ração superpremium e recebem entre 400g a 500g de alimento por dia. O treinamento é baseado em uma bolinha, que serve como estímulo e prêmio toda vez que localizam o odor ao qual estão treinados. Não são brindados com petiscos para que não sejam atraídos por cheiros de alimentos.
Segundo o comandante do BP Choque, tenente-coronel Claudio Feoli, outro ponto forte do animal é a rápida capacidade de partir do estado dócil, quando uma criança está passando a mão nele, para em fração de segundos, após o comando do condutor, buscar um suspeito de crime que esteja usando uma faca para atacar alguém, por exemplo:
— Os treinamentos são baseados nisso. São simulados exercícios de um infrator com arma na mão, investindo contra um terceiro, e o cão, ao sinal do policial, deve neutralizar a ação agressiva do delinquente.
Ao se aposentarem, após sete ou oito anos de trabalho, em média, costumam ficar com seus condutores, tradição que muitos policiais fazem questão de manter devido ao apego estabelecido durante o período ao lado do animal. No caso dos cães da PF, há possibilidade de retorno a Brasília.