Pode um furacão colombiano atingir Porto Alegre pela terceira vez? Certamente. Aconteceu na noite desta terça-feira (23), na Arena do Grêmio. Sete anos após sua última passagem pela Capital gaúcha, Shakira realizou um show de cerca de 1h45min em que seu suingue e talento encantaram cerca de 30 mil pessoas. Aos 41 anos, ela repassou seus quase 30 de carreira trazendo sucessos como Loca, La Tortura e Hips Don't Lie.
Shakira reencontrou o público gaúcho com a turnê do disco El Dorado, lançado em 2017. Sete das músicas do repertório eram do álbum – como Perro Fiel, Me Enamoré e o mega hit Chantaje, que trouxeram para o palco o reggaeton explorado em seu trabalho mais recente, colocando o público para rebolar – e ela também.
Com muita sensualidade e rebolado, Shakira dominou o palco durante toda a apresentação. Entretanto, em boa parte do show, a colombiana mais dançava e performava do que cantava, recorrendo ao playback. Isso não era problema para o público, que fazia em coro em velhos e novos sucessos da cantora. Em 2017, ela chegou a cancelar sua turnê mundial por um problema nas cordas vocais. De qualquer maneira, Shakira foi hipnótica e contagiante em sua performance.
Com a pirotecnia de fogos e papéis picados, a colombiana abriu o show de maneira explosiva com a dobradinha Estoy Aquí e ¿Dónde Estás Corazón? – faixas de seu terceiro disco, Pies Descalzos (1995) –, provocando êxtase nostálgico em seus fãs, que reagiram cantando e pulando muito. Foi na época em que essas canções tocavam nas rádios e com a turnê desse álbum que uma jovem Shakira, com apenas 20 anos, se apresentou para quase 20 mil pessoas no ginásio Gigantinho, em sua primeira vinda a Porto Alegre.
– Meu deus, Porto Alegre, estava com tanta saudades de vocês. É tão lindo estar com vocês de novo e tão perto de mim. Obrigada por estar aqui, obrigada! – disse a cantora em português, enrolada em uma bandeira LGBT+. – Através deste Estado, descobri que tinha amigos de verdade – destacou Shakira em outro momento da apresentação.
Ainda relembrando essa fase morena da cantora, Antologia emocionou o público e a própria colombiana em sua versão acústica, assim como as baladas pop rock Si Te Vas, Tú e Inevitable – trinca do álbum ¿Dónde Están Los Ladrones? (1998).
O show também ganhou ares de Copa do Mundo com a dobradinha La La La, presente na trilha do Mundial de 2014, no Brasil, e Waka Waka, tema da Copa da África do Sul, de 2010. Aliás, falando em futebol, enquanto Shakira cantava a balada intimista Tonelada, uma parte do público da Arena começou a gritar alto, surpreendendo a cantora. Tratava-se da comemoração do gol da vitória do Grêmio contra o River Plate, na partida válida pela Libertadores.
Shakira atacou em várias frentes no show: tocou bateria no final de Can't Remember to Forget You; surgiu vestida de odalisca e fez a dança do ventre em Whenever, Wherever; foi roqueira e tocou guitarra em Inevitable.
A apresentação foi encerrada com o reggaeton La Bicicleta, single de El Dorado, que convidou a plateia para uma última dança de despedida. Ou, no caso, um até logo: pela disposição apresentada no palco, Shakira tem fôlego para mais 30 anos de carreira e, é claro, outras visitas a Porto Alegre – quem sabe também ao interior do RS, como fez em 1997 na turnê Piez Descalzos. É um furacão bem-vindo.