Após deflagrar operação contra abigeato nesta segunda-feira (2), a Polícia Civil divulgou que dois pecuaristas foram presos preventivamente em Gravataí. Eles são suspeitos de comprar bovinos de quadrilha que furtou mais de 300 cabeças de gado neste ano no Rio Grande do Sul. Também foram presos quatro supostos ladrões, inclusive o líder do grupo, e o funcionário de um dos pecuaristas. Um terceiro criador de gado foi detido por posse ilegal de arma de fogo.
O delegado André Mendes, da Delegacia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab) de Bagé, diz que foram três meses de investigação. Segundo ele, o grupo furtava pelo menos 20 cabeças de gado por vez e transportava em caminhões. As regiões escolhidas eram o Litoral Norte e o Vale do Paranhana. Depois disso, repassavam para os receptadores, principalmente os dois pecuaristas que foram presos nesta segunda-feira em Gravataí. Um deles foi identificado como Fagner da Silva Coimbra.
— O investigado utilizava suas movimentações de gado para transportar animais furtados, já que é conhecido por alugar bovinos e cavalos para rodeios na Região Metropolitana — destaca Mendes.
A polícia ainda informou que apreendeu alguns bovinos de Coimbra, sem comprovação de procedência, durante rodeio realizado nos últimos meses no Estado. O outro pecuarista receptador foi identificado como José Antônio da Costa, que seria responsável por guardar gado furtado antes do abate. A Secretaria Estadual da Agricultura, que participou da chamada Operação Regresso com oito fiscais agropecuários, interditou em Gravataí um abatedouro clandestino. O proprietário, ainda não identificado, foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
A Polícia Civil cumpriu 12 mandados de busca e sete de prisão preventiva. Os dois criadores de gado e o líder da quadrilha, Diego da Silva Guezzi, foram presos em Gravataí. Este último também é proprietário de uma fruteira no município.
Contrapontos
O que diz o advogado Daniel Pithan, que defende os suspeitos Fagner da Silva Coimbra e Diego da Silva Guezzi: o primeiro passo será ter acesso aos pedidos de prisão preventiva que estão no Foro de Palmares do Sul para entender as razões que levaram a estas decisões. Segundo Pithan, em um primeiro momento, não haveria necessidade das prisões porque os dois têm endereço e trabalho fixos. Sobre Coimbra, ele diz não ter provas do envolvimento do seu cliente, principalmente porque há notas fiscais — que inclusive foram repassadas para a polícia — sobre todos os animais adquiridos. O advogado se refere inclusive ao gado que foi apreendido durante rodeio nos últimos meses. No caso de Guezzi, Pithan ressalta que ele confirmou oque foi encontrado apenas um animal morto, que foi furtado, em sua propriedade. Mas que desconhece como isso ocorreu, já que a porteira da fazenda sempre fica aberta.
O que diz o advogado Klayton Topor, que defende o suspeito José Antônio da Costa: ele preferiu se manifestar após ter acesso aos pedidos de prisão preventiva expedidos pela Justiça em Palmares do Sul.