Foi por meio das câmeras de segurança instaladas em Imbé, no Litoral Norte, que a Polícia Civil conseguiu identificar um suspeito de feminicídio. Margarete Rodrigues Schuch, 56 anos, foi encontrada morta com um tiro na cabeça às margens da RS-786, em 27 de março. Por meio dos equipamentos, os policiais conseguiram indicar o trajeto realizado de carro pelo marido dela, o cirurgião dentista Delcio José Schuch, 65 anos. Ele acabou preso e é réu pelo crime, mas negou em depoimento ter assassinado a esposa.
— Uma das câmeras pegou a saída da casa dele e depois o trajeto feito em direção à rodovia, onde foi abandonado o cadáver. Pelas câmeras conseguimos essa prova que coloca ele em local próximo de onde foi encontrado o corpo. Temos outros casos também elucidados dessa forma, como furtos, roubos, crimes de trânsito, brigas — afirma o delegado Antônio Carlos Ractz Junior.
O município é um dos que desistiu de utilizar equipamentos instalados em 2011 em projeto do governo federal para interligar o Litoral, mas decidiu fazer investimento próprio. Atualmente, há 12 equipamentos em pontos estratégicos. Dos 178 aparelhos instalados há oito anos, 69 estão em operação.
Para implantar o videomonitoramento, Imbé criou um plano de segurança pública. As novas câmeras foram essenciais para a polícia elucidar um caso de feminicídio em março deste ano. Chamado Imbé Mais Seguro, o programa inclui, entre outras medidas, a aquisição e a manutenção de câmeras para monitorar entradas e saídas do município, além de equipamentos espalhados em pontos estratégicos dentro da cidade.
Funcionários da prefeitura fazem o controle das imagens e informam os órgãos de segurança quando detectam algo. Em 2020, o município passará a contar com uma Guarda Municipal, que fará o monitoramento.
— Até tentamos consertar as antigas, mas considerando as falhas e a tecnologia defasada, sem definição, decidimos adquirir outras câmeras. Imbé é o menor município do Litoral em área, só temos três quilômetro de largura entre o mar e as lagoas. Então já temos uma boa cobertura com 12 câmeras, mas queremos adquirir mais oito — afirma o prefeito Pierre Emerim da Rosa (PT).
Segundo a Secretaria da Fazenda do município, foram aplicados R$ 2 milhões no programa, que contempla também a aquisição de veículos e aportes de valores para a Brigada Militar (BM) e a Polícia Civil. Para fazer o investimento no programa, de cerca de R$ 4 milhões anuais, foi preciso priorizar a segurança. Somente no videomonitoramento, realizado com fibra óptica, foram cerca de R$ 1 milhão.
— Encontramos esses valores de investimentos dentro do próprio orçamento. Tivemos de reduzir alguns outros investimentos e o custeio da máquina pública. Fazer funcionar mais gastando menos. Um exemplo são as licitações, que conseguimos imprimir modelo de pregões, diminuindo sempre os valores. No custeio da máquina encontramos uma boa parte desses valores — afirma o prefeito.
Morte de taxista em Rolante
As câmeras também foram essenciais para a investigação de um caso que marcou Rolante. Embora esteja localizado no Vale do Paranhana, o município está inserido no mesmo projeto do Litoral. Em 28 de março, o taxista Sérgio Jaime Bernardes, 64 anos, sumiu do município de 6,6 mil habitantes enquanto trabalhava. Pelas imagens captadas pelos equipamentos, a polícia descobriu o veículo usado pelos criminosos.
A investigação apontou que ele foi levado por traficantes que estariam em busca de outra pessoa, torturado e assassinado em Portão. O corpo foi encontrado carbonizado no porta-malas de um veículo, em Canoas. Quatro réus — dois deles presos — respondem ao processo por sequestro, homicídio qualificado, organização criminosa e ocultação de cadáver.
— Talvez tenha sido um dos casos mais emblemáticos do município nos últimos anos. As câmeras contribuíram muito para identificar os veículos usados para chegar até o local, a rota de fuga, a quantidade de criminosos e identificar aos envolvidos — recorda o delegado Vladimir Medeiros, que coordenou a investigação do caso.
Os cinco equipamentos recebidos em 2011 foram reativados em fevereiro deste ano. Ainda foram adquiridos mais 14 câmeras, três computadores e três televisores para as centrais de monitoramento - com investimento de R$ 150 mil pela prefeitura de Rolante e R$ 18,6 mil pelo Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro). Os empresários seguem contribuindo todo mês para custear a manutenção dos aparelhos. No município que foi atingido por uma enxurrada há dois anos, as câmeras servem ainda para monitorar o nível dos rios.
— Essa parceria é de suma importância, inclusive para essa área de prevenção. No próximo ano, temos a previsão de instalação de mais 10 câmeras custeadas pela iniciativa privada — projeta o prefeito Régis Zimmer (MDB).