Major da reserva do Corpo de Bombeiros, Iremar Nogueira Charopen foi preso preventivamente por determinação da Justiça Militar. Ex-comandante de batalhões em cidades da Região Metropolitana, Charopen foi denunciado pelo Ministério Público (MP), em diferentes processos, pelas práticas de corrupção passiva, estelionato e falsidade ideológica.
O julgamento do militar estava marcado para o dia 7 de novembro, mas, dois dias antes, a defesa ingressou com requerimento de transferência de data da sessão. A alegação foi de que o réu não poderia comparecer por questões de saúde, incluindo supostos problemas mentais, descritas em um atestado médico.
O pedido de transferência foi indeferido e, na data do julgamento, Charopen e sua advogada deixaram de comparecer. Foi a segunda vez que isso teria ocorrido. Em consequência, o MP requereu a prisão preventiva com o argumento de que a advogada do major já solicitou por nove vezes a transferência de julgamento — a defesa diz que foram quatro.
A juíza Karina Kruel do Nascimento, da 1ª Auditoria de Porto Alegre da Justiça Militar, acatou o pedido e decretou a prisão preventiva de Charopen no dia 7. A defesa ingressou na segunda instância com um habeas corpus requerendo a revogação do cárcere e o direito do réu de responder em liberdade. A concessão foi negada em 8 de novembro pelo desembargador Sergio Antonio Berni de Brum, do Tribunal de Justiça Militar (TJM).
Para o magistrado, a defesa do acusado causa "dificuldade no término do processo". Ele ainda comentou a alegação de que Charopen teria problemas de saúde: "O acusado esteve presente em todos os atos do processo, demonstrando sempre um comportamento normal, equilibrado e sociável, o que torna temerário seu argumento de que é portador de doença mental apta a interferir a sua imputabilidade penal, ainda mais considerando que o pedido da defesa ocorreu na véspera do julgamento, da mesma forma que os outros nove pedidos anteriores de adiamento da sessão".
A prisão preventiva de Charopen foi cumprida em 9 de novembro, no Hospital São Francisco, em Santa Maria, local em que estava internado. Foi instalada custódia policial na casa de saúde, já que o militar estaria impossibilitado de abdicar de cuidados médicos. Quando receber alta hospitalar, será transferido para o 4º Regimento de Polícia Montada da Brigada Militar, em Porto Alegre. Agora, uma nova sessão de julgamento foi marcada para 21 de novembro.
No processo que irá a julgamento nesta data, o major responde por falsidade ideológica. Em procedimentos que correm paralelamente, são atribuídos a ele crimes como a suposta venda de plano de prevenção contra incêndio (PPCI) para empresários e proprietários de grandes imóveis que teriam retribuído com benesses, inclusive depósitos na conta do próprio Charopen. Baseado na quebra do sigilo bancário, o MP diz que o militar recebeu R$ 113,1 mil em propinas somente em quatro casos investigados, ocorridos entre 2012 e 2014, ocasiões em que ele comandava unidades dos bombeiros em Alvorada, Cachoeirinha e Gravataí.
Advogada de Charopen, Camila Kersh Rodrigues de Moraes informou que fez um pedido de reconsideração ao TJM, o qual está pendente de análise, com o intuito de revogar a prisão preventiva. Ela disse que juntou novo atestado médico ao processo para reafirmar "a incapacidade temporária do militar de comparecer em juízo, tendo a necessidade de permanecer internado".
— Todas as provas foram produzidas para comprovar a inocência dele — diz a advogada.