Já passava das 21h de terça-feira (26) e estava se encaminhando para o final o julgamento de dois réus acusados da morte do empresário Ediér Antônio Bernardini, 56 anos, em Agudo, na Região Central, em setembro de 2012, quando a sessão foi anulada. A decisão ocorreu porque Rosângela Lipke, apontada como a mandante do crime e que está grávida de cinco meses, passou mal durante a sessão.
Ela foi atendida, levada ao Hospital de Agudo e transferida ao Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). Após isso, o seu advogado, Jean Severo, decidiu não continuar no júri e foi seguido pelo também advogado José Carlos Dri, defensor do outro réu acusado do crime, Valter André da Silva.
Como a lei prevê que os réus não podem ser julgados sem ter alguém fazendo a sua defesa, o juiz Jonathan Cassou dos Santos precisou anular toda a sessão que durou 11 horas. O fato foi lamentado pela promotora responsável pela acusação, Daniela Sudbrack Gaspar Raiser, que também salienta que a comunidade de Agudo espera há anos pelo desfecho desse caso que chocou a cidade.
— Era o momento de termos resultado, de dar a aplicação da Justiça para o caso. O trabalho que foi feito, de 11 horas de tribunal do júri, acabou indo para o lixo, porque vamos ter que fazer toda uma sessão novamente, todos os debates, toda a exposição. Lamentamos que a ré tenha passado mal, ela foi encaminhada a atendimento médico por isso, mas como há a previsão legal, de que em caso de réu solto há possibilidade de realização do júri mesmo com a sua ausência, entendíamos que o ideal seria concluir o julgamento e irmos para a votação pelos jurados — ressaltou.
Por sua vez, Severo salientou que sua cliente não tinha condições de seguir até o fim do julgamento, mesmo que fosse seu desejo acompanhar toda a sessão. O defensor destacou ainda que teve apoio da Ordem das Advogadas do Brasil (OAB), e que tanto ele quanto Rosangela estarão à disposição de um novo júri assim que ela tiver condições de saúde.
— É um direito da ré permanecer no julgamento, assistir o seu julgamento, o júri garante plenitude disso. O magistrado decidiu não dissolver o conselho de sentença (jurados), então, decidi abandonar o plenário, porque realmente foi uma decisão temerária do magistrado —rebate Severo.
Tanto o advogado quanto a promotora apostam em um novo júri só para 2020. As razões são as mais diversas. A principal é falta de datas disponíveis até o dia 20 de dezembro, quando o Judiciário entra em recesso. Além disso, também é preciso de um prazo para convocar todas as partes, como acusados, testemunhas e jurados.
Além de Rosangela e Silva, que respondem em liberdade por homicídio qualificado, há outros dois acusados pela morte de Ediér, Diones Crumenauer dos Santos e Gelson da Silva Grigolo. Eles vão ser julgados em outra sessão separada, já que o processo foi dividido.
O caso
Conforme o Ministério Público, Rosangela seria a mandante do crime, que ocorreu em setembro de 2012. Ela teria mantido um relacionamento com Ediér e passou a exigir dinheiro e bens dele. A vítima chegou a registrar uma ocorrência por ameaça de morte pouco antes de ser assassinado.
Valter também foi denunciado por participação no homicídio porque estava usando o carro de Bernardini. O empresário foi encontrado amarrado no portão da empresa que ele administrava com sinais de tortura. A vítima tinha lesões na face, tórax e pernas e teria morrido devido a uma facada no abdômen.