O Comando da Brigada Militar determinou nesta sexta-feira (4) a abertura de Inquérito Policial-Militar (IPM) para apurar a conduta do coronel Régis Rocha da Rosa, investigado pela Polícia Federal. O oficial fez pesquisas no sistema de Consultas Integradas da Secretaria da Segurança Pública (SSP) em prol de uma empresa, a Indeal, que era investigada pela Polícia Federal. Em depoimento à PF, o coronel admitiu ter acessado o sistema da SSP.
O comandante-geral da BM, coronel Mario Ikeda, diz que soube do caso pela reportagem de GaúchaZH.
— Soubemos do caso e chamei o coronel (Régis) para conversar. Abrimos investigação para apurar o que compete à Brigada Militar — relata Ikeda.
Na SSP, o assunto também não era de conhecimento da cúpula até GaúchaZH questionar. A secretaria recebeu solicitação da PF para informar quais servidores haviam acessado dados relativos a sócios da Indeal. A PF também enviou ofício solicitando a apresentação do coronel para prestar declarações.
— Rotineiramente, recebemos pedidos de auditoria do Sistema Consultas Integradas. É rotineiro. Respondemos sem questionar os motivos. Também é comum um servidor ser chamado a dar declarações. Não tínhamos conhecimento de que era na condição de investigado. Se as informações se confirmarem na investigação da PF, é fato muito grave — disse o titular da SSP e vice-governador, Ranolfo Vieira Junior.
Quanto a um eventual afastamento do coronel da direção do Departamento de Comando e Controle Integrado (DCCI), Ranolfo ressaltou que depende ainda de apuração de informações oficiais sobre eventuais condutas do PM.
Para integrantes da cúpula da SSP, o coronel deveria ter comunicado a seus superiores que estava sendo investigado pela PF.
O caso
O coronel Régis prestou depoimento à PF e admite que fez consultas a pedido da Indeal, mas por amizade com uma advogada que presta serviços para aquela empresa, Veridiana Fumegalli Paiva. Veridiana até abriu investimento de R$ 10 mil na Indeal, em nome do coronel Régis. Ele afirma que fez isso para testar se a empresa realmente agia de forma correta. E nega saber que existia investigação da federal.
Interceptação feita pela PF em mensagens dos sócios da Indeal, porém, mostra que um dos diretores da empresa classificou a aplicação de R$ 10 mil em nome do coronel como pagamento por um "servicinho" que o oficial teria feito para a firma de bitcoins.
A investigação sobre o coronel Régis vai mirar em possível ilegalidade na quebra de sigilo funcional por parte de um servidor público.
Contrapontos
O que diz o coronel Régis Rocha da Rosa:
"Vamos falar mais ao final da tarde, por favor... estou em reunião na secretaria agora. Mas não tenho nada a esconder. O comandante da BM me chamou hoje para dar explicações e eu confirmei o que ocorreu, é o que eu disse na PF" (no depoimento aos federais, Régis falou que fez um favor a uma advogada que conhece há mais de 15 anos).
O que disse a advogada Veridiana Fumegalli Paiva:
Disse que preferia não se manifestar porque o caso tramita em segredo de Justiça.