Um caso policial investigado como de tentativa de latrocínio (roubo com morte), em abril, na zona norte de Porto Alegre, teve um desfecho surpreendente com a prisão de suspeitos neste final de semana. De acordo com o que apurou a 9ª Delegacia da Polícia Civil, houve uma tentativa de execução, em um crime encomendado, por interesses financeiros e empresariais.
O crime ocorreu no dia 12 de abril na Avenida Tapiaçu, no bairro Passo D'Areia. A vítima, um empresário do setor do turismo, chegava em casa quando foi abordado por um homem armado com uma escopeta. O criminoso disparou duas vezes contra a vítima, à queima roupa, na altura do abdômen, e fugiu levando sua pasta e o celular.
O empresário foi socorrido, levado a um hospital, onde foi submetido a sete cirurgias e ficou 40 dias internado na Unidade de tratamento Intensivo (UTI), até receber alta. Nos dias seguintes, com base em denúncias, a polícia identificou Vinicius Soares dos Santos, 26 anos, morador do bairro Mathias Velho, em Canoas, como o autor dos disparos.
Com a sequência da apuração do caso, os policiais descobriram que havia mais pessoas envolvidas no crime e que a motivação não era o roubo. As investigações levaram ao nome de Leandro Aparecido Caldas, 37 anos, que mantinha uma união estável com o sócio da vítima, como o mandante do crime.
— O sócio, que é seu companheiro, está com problemas de saúde, então ele (Leandro) pensou que, matando o outro, ficaria com a empresa — explica o titular da 9ª DP, delegado Alexandre Vieira.
A confirmação do que havia sido investigado foi obtida neste final de semana, quando Caldas foi preso em Canoas e, Santos, em Paranaguá (PR). Os dois estavam com prisão preventiva decretada pela Vara do Júri de Porto Alegre, que recebeu o caso a partir da descoberta de que era homicídio.
Santos, que tem antecedentes por tráfico e roubo, revelou aos policiais detalhes do crime. De acordo com o suspeito, ele e Caldas se conheceram por redes sociais em março. No mês seguinte, pessoalmente, o companheiro do empresário teria dito que precisava de alguém para uma execução. Inicialmente, teria oferecido, como pagamento, uma EcoSport. Depois, voltou atrás e disse que pagaria R$ 2,5 mil, informou o suspeito de fazer os disparos.
Prisão no Paraná
Além de entregar uma fotografia do alvo para o suposto contratado para a execução, Caldas teria levado-o um dia antes às proximidades da empresa da vítima, para que planejasse a abordagem. No dia 12 de abril, por volta das 18h30min, em um carro, Santos ficou esperando a vítima chegar em casa. De acordo com a confissão, Santos chegou a se aproximar de outro homem e, por pouco, não atirou no alvo errado. Depois, acabou baleando o empresário, que sobreviveu.
Ao ser identificado como autor dos disparos, Santos fugiu para o Paraná e, desde então, seria sustentado por Caldas, que lhe enviaria dinheiro semanalmente. Além dos dois, na operação policial foram presos o homem que teria vendido o celular da vítima a um motoboy, em Canoas, e um foragido, procurado por assaltos, que estava junto.
— Ainda estamos apurando e podemos ter mais um envolvido, não diretamente no crime, mas na fuga de Santos para o Paraná — afirma o delegado Vieira, que deve concluir o inquérito nos próximos oito dias.