Três das cinco vítimas do homem que cometeu ataques com ácido na zona sul de Porto Alegre prestaram depoimento na tarde desta segunda-feira (24), na 13ª Delegacia de Polícia. Outras duas mulheres já haviam comparecido à delegacia durante o final de semana.
O primeiro foi um adolescente de 17 anos. Ele deu detalhes aos investigadores do crime ocorrido na última sexta-feira (21) e entregou um moletom que estava utilizando na ocasião. Parte da roupa ficou corroída pelo líquido arremessado.
Na saída do interrogatório, o adolescente conversou com GaúchaZH. Disse que não conseguiu ver a pessoa que arremessou o líquido, mas acredita que o homem agiu sozinho. Também destacou que após o ataque, o carro seguiu o trajeto lentamente.
— Inicialmente, achei que era spray de pimenta, pois começou a arder meus olhos, mas aí olhei para o meu casaco e estava tudo queimado. Ele jogou e saiu com o carro bem devagar. Infelizmente, não consegui visualizar mais nada, apenas o carro e que era, em princípio, apenas uma pessoa — conta.
Depois do adolescente, outras duas mulheres também foram ouvidas. Elas não quiseram ser identificadas e informaram aos agentes que não conseguiram ver o rosto do agressor. As roupas utilizadas por elas também foram entregues aos policiais.
Todas as vítimas relataram que começaram a apresentar melhoras nos quadros de queimaduras ao longo do fim de semana.
Perfil do autor
Branco, magro e com aproximadamente 25 anos. Assim seria, segundo duas testemunhas, o homem que atacou ao menos cinco pessoas com substância ácida na zona sul da Capital. Por meio da divulgação das principais características do criminoso, a Polícia Civil pretende identificar suspeitos e afunilar a investigação.
— Pode ser amigo de alguém, conhecido. Muitas vezes as pessoas ficam com medo de denunciar, mas estamos orientando. Este caso se tornou prioridade em todos os distritos de Porto Alegre — afirma o delegado regional do município, Fernando Soares.
A polícia também apurou, por meio de análise de câmeras de segurança, que o automóvel usado pelo homem seria um HB20 branco. Segundo Soares, no último final de semana, policiais conversaram com as vítimas e tentaram reconstituir o caminho percorrido pelo veículo, em busca de novas provas. A região em que os ataques aconteceram tem dificultado a investigação.
— São locais ermos, sem testemunhas nas proximidades. Além disso, as vítimas estavam caminhando, desatentas, e receberam o líquido de forma inesperada. Isso dificulta o retrato falado — salienta Soares.
Para tentar identificar qual a substância usada pelo autor dos ataques, roupas das vítimas serão periciadas. A polícia pediu prioridade ao Instituto-Geral de Perícias, mas não obteve respostas até o momento.