Pela quarta vez, o governo do Estado vai tentar contratar uma empresa para fechar o túnel aberto por criminosos para uma fuga em massa do Presídio Central, hoje chamado de Cadeia Pública de Porto Alegre. A escavação foi descoberta pela polícia em fevereiro de 2017. O edital de licitação foi publicado na manhã desta segunda-feira (17).
Segundo a Central de Licitações, o governo já havia aberto três licitações, com prazo para propostas a partir de outubro e novembro de 2017 e abril de 2018. Em nenhuma delas, no entanto, houve interessados. A terceira, aberta no ano passado, previa valor máximo de R$ 21.894 para o serviço. Desta vez, a previsão do governo é gastar até R$ 52.474 com o fechamento do túnel.
A investigação da Polícia Civil identificou que o túnel poderia resultar na maior fuga de presos da história do Presídio Central, com a passagem de 200 a mil detentos durante o feriadão de Carnaval de 2017. A facção cobrava valores de outros grupos criminosos para que também fugissem.
À época da descoberta, o túnel, que partia de uma casa nas imediações do presídio, tinha 47 metros escavados — a estimativa é de que faltassem cerca de 60 metros para alcançar a cadeia. A entrada do túnel foi fechada com concreto, mas o restante da escavação permanece aberto.
Moradores da região ouvidos por GaúchaZH convivem com o medo de que criminosos ligados ao tráfico se estabeleçam na região e tentem novamente acessar o túnel. Eles relatam também outros problemas que surgiram desde a descoberta da passagem.
— A gente já ouviu falar que alguns usuários de drogas tentaram entrar na casa. Eu fico com receio também porque o túnel passa bem debaixo da rua, que é movimentada, então dá medo de um carro ou caminhão afundar quando passar por ali. Além disso, desde que a polícia achou o túnel, começou a descer muita água para a minha casa em dias de chuva, bem mais do que antes — relata uma moradora, que prefere não se identificar.
Brigada Militar e Polícia Civil dizem fazer monitoramento no local.
— O túnel é externo e não chega até o presídio, mas este tipo de coisa tem que ser fechada, tanto pelo risco à estrutura do solo quanto por fator de segurança. Como é muito próximo do presídio, é necessário ter cuidado — afirma o tenente-coronel Carlos Magno da Silva Vieira, diretor do Central.
Conforme o diretor, a Brigada Militar tem um sistema de videomonitoramento que ajuda na captação de imagens da casa onde estava localizada a entrada do túnel. A residência está fechada desde a operação. A Polícia Civil também mantêm monitoramento no local.
— Através do nosso setor de inteligência, estamos permanentemente a par do que acontece na região — garante o delegado Vladimir Urach, diretor do Departamento Estadual do Narcotráfico (Denarc), setor responsável pela investigação à época.
O recebimento da documentação e das propostas das empresas interessadas na obra está previsto para o dia 8 de julho, às 10h. Depois da ordem de início, a previsão é de que o trabalho seja finalizado em 30 dias.