Um túnel de 47 metros de comprimento, 60 centímetros de largura e 1,4 metro de altura escondido sob uma casa aparentemente inacabada na zona leste de Porto Alegre, poderia levar à maior fuga em massa da história do Presídio Central.
Localizada no número 13 da Rua Jorge Luís M Domingues, no bairro Coronel Aparício Borges, a residência, cuja estrutura é em parte de madeira e outra de alvenaria, fica a menos de 70 metros, em linha reta, do pavilhão mais próximo, o D. Na direção oposta à do presídio, a casa fica a apenas 160 metros, em linha reta, da sede do Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar.
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A Polícia Civil acredita que faltavam outros 60 metros de escavação em direção à cadeia. Extraoficialmente, fala-se que o destino final seria o pavilhão B. Para chegar lá, além da profundidade de quatro metros do chão da casa até o fundo do buraco, o túnel teria que ser aprofundado ao se aproximar do presídio, pois teria que contornar o muro subterrâneo de oito metros de profundidade que protege o Central.
Tudo isso, acreditam os investigadores, seria feito em poucos dias, pois o objetivo era que o túnel ficasse pronto e pudesse libertar de 200 a mil presos no período de Carnaval.
Pela investigação, a casa foi comprada há aproximadamente três meses especialmente para abrigar a obra – cujo investimento é estimado em R$ 1 milhão. E era uma obra mesmo: os sete homens presos teriam sido contratados como espécie de pedreiros e recebiam pagamento semanal de R$ 1 mil para realizar o serviço. Uma mulher também foi detida, mas cuja participação ainda não revelada. Veja a foto dos presos abaixo.
Além disso, equipamentos comuns a construções, como pás, mangueiras, carrinhos de mão, botas, baldes e lonas, estavam espalhados pelo imóvel. Foram encontrados, ainda, alguns objetos "especiais", como ventiladores, alguns deles direcionados para aliviar o calor dentro do buraco, bombas para drenagem de água, cordas e escada para auxiliar a percorrer o túnel. Não havia armas ou drogas na casa.
Na terça-feira, o grupo levou uma geladeira e um fogão para a casa, que também tem abastecimento de energia elétrica e água. Entre as estratégias dos construtores estava a de retirar a terra do buraco aos poucos para fora da residência. Tanto é que, dentro do imóvel, os policiais depararam com grandes montanhas de terra.