A Polícia Civil frustrou, na manhã desta quarta-feira, um plano que poderia resultar na maior fuga de presos da história do Presídio Central. Um túnel de pelo menos 50 metros estava sendo construído para que de 200 a mil detentos fugissem no Carnaval. Informações ainda apuradas pela polícia dão conta, no entanto, de que a facção criminosa responsável pelo túnel cobrava valores de criminosos ligados a outros grupos criminosos para que também fugissem.
– Até mil homens poderiam escapar durante esse Carnaval – admite o diretor de investigações do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), delegado Mario Souza.
O buraco, aberto a partir de uma casa vizinha ao Presídio Central, na Rua Jorge Luís Domingues, no bairro Aparício Borges, já tinha 47 metros de comprimento. De acordo com o delegado Rafael Soares Pereira, que comandou a apuração pelo Denarc, a estrutura ainda não havia chegado a nenhum dos pavilhões da cadeia pública. A estimativa, conforme o delegado Mario Souza, é de que restava 60 metros de escavações para que o túnel chegasse ao seu objetivo dentro da cadeia.
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– Mas já temos informações contundentes sobre qual facção criminosa custeava essa estrutura e seria beneficiada com a fuga. Mantivemos uma campana ininterrupta próximo da casa para averiguar se as informações eram verdadeiras. Decidimos entrar hoje (quarta-feira) na casa e fomos surpreendidos por toda essa estrutura – afirma o delegado.
Havia suspeita de que integrantes de uma facção inteira utilizariam o túnel para deixar a prisão. A ação policial encontrou na casa a abertura do túnel, diversos ventiladores, pás, mangueiras, fiação elétrica e quatro homens trabalhando lá dentro.
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– É uma estrutura de engenharia complexa, com estacas, madeiras de sustentação e materiais que eram usados para a abertura do túnel em tempo integral – diz o delegado Rafael Pereira.
Sete homens e uma mulher foram presos no local. De acordo com a polícia, eles receberam R$ 1 mil por semana para fazer o serviço. A ação é resultado de quatro meses de investigações e, segundo o delegado, terá continuidade.
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